quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Tereza Santos em 1985

Numa homenagem à Tereza Santos uma entrevista de 1985

Teresa Santos foi do PCB,do Teatro Experimental do Negro do RJ e SP,fundadora do Centro de Cultura e Arte Negra –CECAN e,em plena ditadura,encenou com Eduardo Oliveira e Oliveira a peça “E agora falamos nós”no MASP. Perseguida pela ditadura,ao invés de se exilar na Europa ou no Chile,foi para a África e participou,como guerrilheira,do movimento de libertação de Guiné-Bissau e Angola. Mulher negra, revolucionária,de história ímpar e seu livro é testemunho de um capítulo que a direita negra quer borrar:a relação histórica entre setores do movimento negro e a esquerda revolucionária.

(Memórias  (livro)

 

 

Local: São Paulo

Enugbarijô registrou entrevistas históricas em São Paulo no ano de 1985. Na oportunidade, Ras Adauto, Vik e Amauri Pereira entrevistaram personagens importantes da cultura negra brasileira, entre elas os membros da Frente Negra Brasileira e a militante Tereza Santos.
Tereza Santos é uma mulher negra, nascida no Rio de Janeiro em 7 de julho de 1930, antiga militante do Partido Comunista, teatróloga, atriz, professora, filósofa, carnavalesca e militante pelas causas dos povos africanos da diáspora e do continente e, principalmente, dos afro-brasileiros com autora da peça "E agora falamos nós" em conjunto o sociólogo Eduardo de Oliveira e Oliveira, autoras de diversos artigos sobre cultura e a mulher, Assessora de Cultura Afro-Brasileira da Secretaria de Estado da Cultura do Estado de São Paulo 1986-2002.
Em 1984, o governo de São Paulo criou o Conselho Estadual da Condição Feminina. Alertado pelo programa da radialista negra Marta Arruda de que não havia negras entre as 32 conselheiras convocadas, o conselho convidou Tereza Santos, que militava no movimento negro ao lado de Sueli Carneiro, teórica da questão da mulher negra. Na gestão seguinte, foi a vez de Sueli fazer parte do conselho.
Estudiosa dos temas raciais e de gênero, ela viveu por cinco anos no Continente Africano, contribuindo para a reconstrução cultural de Angola, Cabo Verde e Guiné Bissau.
Comemorado como Dia Internacional da Mulher, o 8 de março foi instituído pelas Nações Unidas no ano de 1975. Naquele dia do ano de 1857, as operárias têxteis de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução da carga horária de trabalho de mais de 16 horas por dia para 10 horas e equiparação salarial com os homens que desempenhavam igual função. As operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas no local pelos patrões, que trancaram as portas da fábrica, ateando fogo no local e 129 mulheres morreram queimadas e asfixiadas. Em 1910, na II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, em Copenhague, Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, a comemoração do 8 de março como "Dia Internacional da Mulher". A data marca a luta das mulheres pela igualdade de direitos. O século passado foi marcado pela luta pelos direitos das mulheres negras e não-negras, negros e demais segmentos discriminados na sociedade.
Em nosso país, a luta das mulheres negras ainda é grande. A mulher negra compõe a maior categoria de trabalhadoras da nação, a das domésticas, sendo discriminada, explorada e submetida a uma exaustiva jornada de trabalho. É oprimida, inclusive, por outras mulheres, ou seja pelo mesmo gênero, quando esta é a empregadora e, muitas vezes, ao invés de ser solidária, desrespeita direitos, descumprindo-os. As mulheres negras da zona rural, cuja maioria vive em comunidades negras rurais quilombolas, no Maranhão, sofrem com a falta de condições mínimas de sobrevivência.
As Convenções contra todas as formas de discriminação sejam da mulher ou étnico-racial, adotadas pelo Brasil, ainda estão longe de serem cumpridas. Perdemos neste ano, uma companheira solidária à luta das mulheres negras, incansável na luta pelos direitos das mulheres, a Profª. Ieda Batista. Rendemos a ela a nossa homenagem. Nossa luta continua e a vitória é certa.
Há um longo caminho a se percorrer em busca de respeito, dignidade, valorização profissional da mulher negra, que continua sendo o esteio familiar. Sequeremos uma sociedade realmente justa, devemos lutar:
- Pelo fim da discriminação racial no trabalho
- Contra a exploração sexual, social e econômica da mulher negra
- Por condições de vida digna para o povo negro.
Conscientize-se e Reaja à Violência Racial! Não silencie frente à violência e opressão!
Viva Lélia Gonzalez, Maria Firmina dos Reis, Mãe Andresa, Maria Aragão, Silvia Cantanhede, Ieda Batista, guerreiras que abriram o caminho para nossa luta! (Comissão de Mulheres do MNU)

http://www.cultne.com.br/video.php?id_video=505

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Plano Juventude Viva será apresentado à sociedade civil

 

A Secretaria-Geral da Presidência da República e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) apresentarão o Plano Juventude Viva aos representantes de entidades e conselhos, nos dias 27 e 28 de novembro. As ações do Plano incluem programas e iniciativas voltados à redução da vulnerabilidade da juventude negra à violência e à garantia de seus direitos. Na manhã do dia 28, será realizada reunião com a sociedade civil para definição dos próximos passos da estratégia de implementação do Plano, tais como a constituição da Rede Juventude Viva.

Os homicídios são hoje a principal causa de morte de jovens de 15 a 29 anos no Brasil e atingem especialmente negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. Dados do Ministério da Saúde mostram que mais da metade (53,3%) das 49.932 vítimas de homicídios em 2010 no Brasil eram jovens, dos quais 76,6% pretos e pardos e 91,3% do sexo masculino.

Prevenção

O Plano Juventude Viva reúne ações de prevenção que visam reduzir a vulnerabilidade dos jovens em situações de violência física e simbólica, criando oportunidades que garantam a inclusão social e a autonomia; a oferta de equipamentos, serviços públicos e espaços de convivência em territórios que concentram altos índices de homicídios. Outro eixo de atuação é o aprimoramento da atuação do Estado no enfrentamento ao racismo institucional e na sensibilização dos agentes públicos para a questão. O Plano começou a ser implementado em Alagoas em setembro deste ano e será expandido para outros cinco estados no primeiro semestre de 2013.

O Juventude Viva foi construído por meio de um processo participativo, com o envolvimento dos movimentos juvenis; do movimento negro, de representantes do Hip Hop, de especialistas em segurança pública e pelos diálogos com atores governamentais, nas esferas federal, estaduais e municipais. A execução envolve, além da Secretaria-Geral e a Seppir, os ministérios da Justiça, Saúde, Educação, Trabalho e Emprego, Cultura e Esporte, em conjunto com os estados, municípios, sociedade civil, Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública, entre outros parceiros.

Fonte: Boletim Em Questão/ Adital

27/11/12 -

http://www.prioridade1sbc.org.br/noticias/agenda/974-plano-juventude-viva

Beatriz Nascimento - Herois de Todo Mundo

Intelectual, pesquisadora e ativista, Beatriz Nascimento nasceu em Aracaju, em 12 de julho de 1942, filha da dona de casa Rubina Pereira do Nascimento e do pedreiro Francisco Xavier do Nascimento.

 

Ela e seus dez irmãos migraram com a família para o Rio de Janeiro na década de 1950. Com 28 anos iniciou o curso de graduação em História, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), formando-se em 1971. Durante a graduação fez estágio no Arquivo Nacional com o historiador José Honório Rodrigues.

Formada, passaria a trabalhar como professora de História da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro, articulando ensino e pesquisa. Nessa mesma época, passaria a exercer sua militância intelectual através de temáticas e objetos ligados à história e à cultura negras. Esteve à frente da criação do Grupo de Trabalho André Rebouças, em 1974, na Universidade Federal Fluminense (UFF), compartilhando com estudantes negros universitários do Rio e de São Paulo a discussão da temática racial na academia e na educação em geral. Exemplo dessa militância intelectual foi a sua participação como conferencista na Quinzena do Negro, realizada na USP, em 1977, evento que se configurou como importante encontro de pesquisadores negros.
Concluiu a Pós-graduação lato sensu em História, na Universidade Federal Fluminense (UFF), em 1981, com a pesquisa "Sistemas alternativos organizados pelos negros: dos quilombos às favelas", mas seu trabalho mais conhecido e de maior circulação foi o filme Ori (1989, 131 mim), de sua autoria, dirigido pela socióloga e cineasta Raquel Gerber. O filme, narrado pela própria Beatriz, apresenta sua trajetória pessoal como forma de abordar a comunidade negra em sua relação com o tempo, o espaço e a ancestralidade, emblematicamente representados na ideia de quilombo.
Beatriz Nascimento, ao longo de vinte anos, tornou-se estudiosa das temáticas relacionadas ao racismo e aos quilombos, abordando a correlação entre corporeidade negra e espaço com as experiências diaspóricas dos africanos e descendentes em terras brasileiras, por meio das noções de "transmigração" e "transatlanticidade". Seus artigos foram publicados em periódicos como Revista de Cultura Vozes, Estudos Afro-Asiáticos e Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de inúmeros artigos e entrevistas a jornais e revistas de grande circulação nacional, a exemplo do suplemento Folhetim da Folha de S. Paulo, Isto é, jornal Maioria Falante, Última Hora e a revista Manchete.
Segundo Rattz, Beatriz, junto com outros pesquisadores como Eduardo Oliveira, Lélia González e Hamilton Cardoso, trabalharam para que a temática étnico-racial ganhasse visibilidade social na universidade e fortalecesse o discurso político do movimento negro. Além da militância intelectual, Beatriz era poetisa. Sua poesia traz à cena a experiência de ser mulher negra. Essa sensibilidade se traduziu em toda sua escrita.
Estava fazendo mestrado em comunicação social, na UFRJ, sob orientação de Muniz Sodré, quando sua trajetória foi interrompida. Beatriz foi assassinada ao defender uma amiga de seu companheiro violento, deixando uma filha.
Faleceu em 28 de janeiro de 1995 no Rio de Janeiro.

SNI queria enquadrar o Combate ao Racismo de Abdias Nascimento

Abdias Nascimento: declarações contundentes em favor do movimento negro no Brasil provocaram a ira dos militares

Abdias Nascimento: declarações contundentes em favor do movimento negro no Brasil provocaram a ira dos militares

O ex-deputado e pesquisador Abdias Nascimento, considerado um dos maiores ativistas do movimento negro no Brasil, no século passado, por pouco não foi processado pela Lei de Segurança Nacional (LSN), durante o regime militar. Além disso, por recomendação do Serviço Nacional de Informações (SNI), o Ministério da Justiça chegou a estudar a possibilidade de enquadrá-lo por discriminação racial por causa de uma entrevista, durante uma visita ao país. Ele vivia nos Estados Unidos, onde lecionava em uma universidade em Nova York.

A entrevista de Abdias foi dada ao Pasquim, uma das publicações contestadoras do regime militar. O ex-deputado, que era considerado pela própria ditadura como "a figura de maior projeção do movimento negro no Brasil", havia feito críticas às políticas governamentais para o setor. Foi o bastante para o SNI instigar o então ministro da Justiça, Armando Falcão, a analisar sua inclusão na temida Lei de Segurança Nacional. Para isso, juntou diversos trechos do depoimento do ativista. O processo, que começou em setembro de 1978, durou quase quatro anos, e só foi arquivado em março de 1982.

Para tentar enquadrar Abdias, o SNI fez uma pequena análise sobre o poder do ativista, por causa de suas qualidades intelectuais. De acordo com os militares, ele poderia se constituir em uma influência capaz de apresentar um projeto político original para o país, voltado para o movimento negro. Várias ideias expostas na entrevista incomodaram o governo militar, como a Lei Afonso Arinos - que combate o racismo -, considerada por Abdias como "uma piada", segundo relatório da Divisão de Segurança e Informação (DSI) do Ministério da Justiça.

Perseguição
Um dos pontos citados pelos agentes era a Carta de Princípios do Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial, que tinha cinco itens principais: a defesa da comunidade negra, a reavaliação do papel do negro na história do Brasil, a extinção das formas de perseguição e repressão, a liberdade de expressão e organização e a liberdade à luta internacional do negro. “O senhor ministro-chefe do SNI se dirige a V. Exa. encaminhando informação a respeito de Abdias Nascimento e solicitando estudo deste ministério sobre a possibilidade de processá-lo com base à Lei de Segurança Nacional”, relata documento enviado a Armando Falcão, que pede análise de sua assessoria jurídica.
A consultoria do ministro fez um parecer baseando-se também em outras entrevistas de Abdias e, depois de uma análise de cinco laudas, conclui que ele não poderia ser enquadrado por não ter cometido crime algum. “Inobstante a injustiça cometida — a de o ativista declarar a existência do racismo no Brasil — , não nos parece tenha o entrevistado praticado delito de imprensa ou contra a Segurança Nacional, porquanto, embora a seu modo, a sua posição é contrária à discriminação racial”, avaliaram os advogados do Ministério da Justiça.
Na mesma entrevista, Abdias teria reclamado à repórter que viajara dos Estados Unidos para o Brasil com a carteira de identidade, pois seu passaporte brasileiro lhe fora negado pelas autoridades do país. A consultoria jurídica do Ministério da Justiça sugeriu que a diplomacia brasileira fizesse um encontro com o ativista, uma forma de amenizar a situação. Com isso, segundo o relatório produzido à época, constituiria “em instrumento de nossa propaganda internacional, reveladora da ausência de qualquer discriminação racial no Brasil.”

Edson Luiz

Publicação: 25/11/2012 08:00 Atualização: 26/11/2012 14:08

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2012/11/25/interna_diversao_arte,335618/sni-queria-enquadrar-ativista-anti-racismo-abdias-nascimento.shtml

Ditadura Serviços de inteligência monitoravam Movimentos Negros…

Serviços de inteligência monitoravam Movimentos Negros, Movimentos sociais e artísticos, como o Black Rio e o black são paulo, estavam na mira dos arapongas

O alerta acima, acompanhado de dois carimbos de “confidencial” em cada uma das nove páginas do documento, foi dado pelo Centro de Informação e Segurança da Aeronáutica (Cisa-RJ), em 20 de outubro de 1976. Com o sugestivo título Racismo negro no Brasil, a pasta reflete a preocupação dos órgãos de segurança do governo comandado pelo general Ernesto Geisel com a infiltração de entidades subversivas nos movimentos populares. Os agentes da ditadura seguiam cada passo, registravam cada palavra dita por militantes, simpatizantes e intelectuais em favor da inclusão dos negros na sociedade brasileira.
O documento, que traz a chancela da Agência Central do Serviço Nacional de Informações, o SNI, detalha o que se passava nas palestras e nos debates promovidos por associações culturais, responsáveis pelo trabalho de recrutar simpatizantes ligados à causa negra. “Nesta fase, os conferencistas preocupavam-se em não falar ostensivamente em política, mas condicionavam os ouvintes a aceitar a existência de um disfarçado racismo branco no Brasil.” Eram nessas palestras, segundo relata o agente, que os militantes identificam as pessoas mais sensíveis às ideias do movimento. Posteriormente, elas eram convidadas a participar de grupos de estudo, em caráter reservado.

 

Obtido pelo Correio no Arquivo Nacional, o relato do araponga ligado ao serviço secreto da Aeronáutica é detalhado e cheio de minúcias, e cita os principais temas apresentados pelos militantes, tais como:
» Qualquer movimento cultural não pode ser desvinculado do político, já que muitas manifestações culturais, principalmente a negra, é esmagada por uma força política branca que é adversa a qualquer outro motivo cultural de outra raça;
» O problema do negro no Brasil é sociocultural, pois a sociedade dominante da época da escravidão até os dias de hoje é branca e não é do seu interesse que a cultura negra vigore;
» Os negros devem se conscientizar do que são, e se honrar dos seus antepassados que lutaram até morrer por uma liberdade, como foi o caso do Quilombo dos Palmares.
Em determinado trecho do documento, o informante faz uma
ressalva ao apontar que os moderados, durante os debates, evitam falar claramente em política e problemas sociais. Mas a ação dos “radicais” é direta e, segundo ele, são inspirados nos panteras negras, dos Estados Unidos, e no culto a Idi Amim Dada, ditador de Uganda. O grupo preferia recrutar simpatizantes nos clubes de soul onde jovens com cabelos black power e roupas coloridas lotavam as pistas de dança ao som de músicas de James Brown, Tony Tornado e Gerson King Combo. “Até o presente momento, não foi possível configurar se os conjuntos musicais de soul estão envolvidos.” Os grupos radicais, de acordo com o relato do serviço de inteligência, se autodenominavam “almas negras” e tinham o socialismo como base ideológica, além de possuírem algumas características que os identificavam:


» A saudação entre homens e mulheres é feita com um beijo na boca;
» O cumprimento entre os homens é idêntico ao usado pelos panteras negras (vários toques de mão);
» Em algumas reuniões, alguns negros fizeram saudação à moda comunista (braço levantado e mão fechada);
» Usam alguns termos especiais e chamam o branco de “mucala” (mukala, branco, grifo nosso) e vestem-se com roupas extravagantes.


Até hoje o produtor cultural Asfilófio de Oliveira Filho, o Filó, é um dos ícones do movimento black do Rio. Ao Correio, ele revela como era pressão sofrida pelo movimento negro nos anos 1970. De um lado, a ação dos agentes militares, do outro a conduta da esquerda, quase sempre desconfiada, apesar de interessada em cooptar militantes da causa negra. “A pressão era oculta, totalmente silenciosa. Eles (os arapongas) se infiltravam buscando entender o movimento e suas nuances. Acompanharam diversas vezes as lideranças em seu dia a dia. Eventos como Encontro dos Blacks no Portelão foram o grande marco para os agentes militares perceberem que nem tudo que eles pensavam era verdade. O momento era de efervescência. A esquerda questionava o Movimento Black Rio pela sua “tendência” ao imperialismo americano e a direita tinha medo de uma revolução negra. Na verdade, o objetivo final do movimento era construção de uma identidade e uma política cultural positiva.”

Filó se recorda também quando ficou preso num quartel do Exército no bairro da Tijuca: “Lembro-me de ser questionado: ‘Onde estava o milhão de dólares que os americanos deram para o movimento?’ Em julho de 1976, eles deflagaram uma matéria encomendada num grande jornal carioca para desqualificar o movimento. Mas o legado deixado pelo Movimento Black Rio nos brindou com uma geração mais consciente e aberta na busca da sua identidade e na luta contra a discriminação racial.”


Colaborou Edson Luiz
Panteras negras
Grupo revolucionário norte-americano, criado em meados dos 1960 para lutar pelos direitos da população negra. Seus integrantes pregavam ações armadas contra a opressão. Inicialmente, os ativistas agiam como patrulhas de guetos californianos e nova-iorquinos contra a violência policial (branca). O movimento se espalhou pelos Estados Unidos e chegou a ter mais de 2 mil integrantes. Enfrentamentos com a polícia levaram a tiroteios em Nova York e Chicago, e, entre 1966 e 1970, pelo menos 15 policiais e 34 “panteras” morreram em conflitos urbanos. No início dos anos 1980, a organização foi oificialmente dissolvida.

José Carlos Vieira

Carlos Alexandre

Publicação: 25/11/2012 13:16 Atualização: 25/11/2012 13:29

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2012/11/25/interna_diversao_arte,335676/o-negro-vigiado-pela-ditadura.shtml#.ULQi3oHSrL0.facebook

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Representantes de movimentos negros são barrados na posse de Barbosa

 

Representantes de movimentos negros e defensores do combate à corrupção acompanharam a posse do novo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, do lado de fora do tribunal.

 

Sem poder entrar no prédio por não terem sido convidados, eles criticaram o fato de terem sido barrados na posse do primeiro presidente negro da Corte.

"O pessoal do movimento negro não pode chegar perto do STF para ver o negro que nos representa tomar posse? Isso mostra como o Brasil trata o negro", protestou Key Carvalho, integrante da Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes Carentes).

Existe um grande deficit de justiça entre nós, diz Barbosa em sua posse

Novo presidente leva tombo antes da posse

Conheça a trajetória de Joaquim Barbosa

A ONG colocou quatro faixas nas grades que cercaram o prédio do STF com saudações a Barbosa. Entre elas, as frases "Ministro Joaquim, não só negros, mas todos os brasileiros saudamos a chegada do nosso Zumbi contra a corrupção" e "STF, obrigado por ter apoiado as cotas [nas universidades federais] por 10x0".

O grupo também protestou contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) por não ter imposto o regime de cotas para os concursos públicos do Estado.

Ministro Joaquim Barbosa durante festa da posse hoje como presidente do Supremo Tribunal Federal

Vários integrantes de movimentos negros foram oficialmente convidados por Barbosa para a posse --inclusive artistas conhecidos por sua militância afrodescendente.

Sósia do presidente dos Estados Unidos, o garçom José Maria da Silva Couto se vestiu de "Obama brasileiro" para acompanhar, de longe, a posse de Barbosa. "Vim fazer uma homenagem ao meu conterrâneo, meu pai é de Paracatu (MG). O negro tem que valorizar o negro em nosso país", afirmou.

Um grupo de aposentados de Marataízes (ES), vestidos com camisetas com os dizeres "Corrupção, não", também se aglomerou do lado de fora do Supremo para homenagear o novo ministro.

"Ele foi um dos que mais lutou pela ficha limpa. O Barbosa foi uma bênção de Deus no julgamento do mensalão. Agora, está numa cadeira que o brasileiro vem sonhando há décadas: uma pessoa com a postura dele", afirmou o aposentado José Maurilio Coelho Rios, 75.

Agentes da polícia federal aprovados em concurso público, mas que não foram chamados pela corporação, também aproveitaram a posse para protestar na porta do Supremo por ainda não terem sido convocados pela PF.

Todos os protestos foram pacíficos, sem confrontos com os seguranças do STF mobilizados para a posse. Para entrar no prédio, era necessário apresentar convite ou ter o nome numa lista distribuída aos seguranças.

http://www.jornalfloripa.com.br/politica/index1.php?pg=verjornalfloripa&id=9272

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Movimentos Sociais vão à Brasília e pedem o fim da violência policial

Vídeo com representante do DO COMITÊ AMPLIADO CONTRA O GENOCÍDIO e COMITÊ CONTRA O GENOCÍDIO DA JUVENTUDE NEGRA E PERIFÉRICA DE SÃO PAULO, Tatiane Cardoso - CEDECA SP.

Movimentos Sociais vão à Brasília e pedem o fim da violência policial em Audiência Pública na Comissão de Direitos Humanos do Congresso.
As redes de familiares de vítimas diretas da violência, as organizações do movimento negro, os movimentos sociais do campo e da cidade, cursinhos comunitários, sindicatos, associações, saraus periféricos, posses de hip-hop, imprensa alternativa, partidos de esquerda e várias outras entidades representativas da sociedade civil, organizados no COMITÊ CONTRA O GENOCÍDIO DA JUVENTUDE NEGRA E PERIFÉRICA DE SÃO PAULO, diante da barbárie que vivenciamos em São Paulo, onde, desde de janeiro, mais de mil pessoas foram assassinadas, a grande maioria com evidentes características de execução e, pior, com indícios da ação de grupos de extermínio compostos por policiais e/ou agentes paramilitares ligados ao Estado 


LINK DO VÍDEO


http://tvt.pre.vflow.tv/api/iframe/?idContent=11609&width=480&height=375

Manifestantes ocupam secretaria em São Paulo e pedem fim da violência policial

Movimentos ocupam Secretaria da Justiça pelo fim da violência

Comitê divulgou uma carta assinada por mais de 80 organizações, exigindo que “todos os casos de mortes de civis por policiais sob alegação de confronto sejam registrados e investigados como homicídios”


As mortes causadas por policiais foram o principal

objetivo do protesto. Foto: Beatriz Lourenço

Cerca de 300 integrantes do “Comitê contra o genocídio da população negra, pobre e periférica" ocuparam a sede da Secretaria de Justiça de São Paulo, nesta quinta-feira (22). A ação ocorreu por volta das 11h30, no dia em que o novo secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, assumiu o cargo. As operações policiais nas periferias da capital e municípios da Grande São Paulo são o principal alvo do protesto.

O confronto entre policiais e crime organizado fez disparar os índices de violência no estado. Somente nas três primeiras semanas deste mês, 130 pessoas foram mortas na capital. Já a Região Metropolitana registrou pelo menos 18 chacinas em 2012.

O Comitê divulgou uma carta assinada por mais de 80 organizações, exigindo que “todos os casos de mortes de civis por policiais sob alegação de confronto sejam registrados e investigados como homicídios”. O fim dos “autos de resistência” ou “resistência seguida de morte” é uma das principais demandas apresentadas pelos movimentos às autoridades públicas. (Leia a carta na íntegra).

Entre outras pautas, as organizações defendem o fim da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e desmilitarização das Polícias; levantamento das identidades, boletins de ocorrência e Certidões de Óbito de todos os civis assassinados no estado em 2012; e o controle popular e externo de toda atividade policial – por meio de Ouvidorias, Corregedorias e Defensoria Pública.

Os movimentos ainda exigem a responsabilização do governador Geraldo Alckmin e a abertura da “CPI das Polícias e dos Grupos de Extermínio”.

O Comitê é formado por redes de familiares de vítimas diretas da violência, organizações do movimento social e negro, cursinhos comunitários, sindicatos, associações, saraus periféricos, posses de hip-hop, entre outras entidades representativas da sociedade civil.

22/11/2012

Jorge Américo

da Rádioagencia NP

http://www.brasildefato.com.br/node/11205

Instauração de CPI das Polícias em São Paulo

Parlamentares se articulam para instaurar CPI das Polícias em São Paulo

Pressão partiu do Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra e Periférica de SP; CPI precisa de 32 assinaturas dos atuais 94 deputados estaduais para ser instaurada

Parlamentares da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) se articulam para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará os homicídios cometidos por policiais. Entre julho e setembro deste ano, 95 pessoas foram assassinadas por agentes das Polícias Militar e Civil, de acordo com o Diário Oficial do Estado de São Paulo. Segundo o Instituto Sou da Paz, nenhum crime teve um aumento tão grande na comparação entre o 3º trimestre de 2012 e o mesmo período de 2011.
Defendida pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alesp, deputado Adriano Diogo (PT), a CPI precisa de 32 assinaturas dos atuais 94 parlamentares para ser instaurada. “Nós estamos fazendo algumas movimentações. A situação está fora de controle, por isso estamos coletando as assinaturas para a tentativa da implantação da CPI”, ressalta Diogo.
A pressão pela instalação da CPI das Polícias partiu do Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra e Periférica de SP, que conta com a adesão de centenas de organizações sociais.
Entre outras pautas, a organização defende o fim da Rota (Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar) e desmilitarização das Polícias; a abolição imediata dos "autos de resistência" e "resistência seguida de morte"; levantamento das identidades, B.O.s, Certidões de Óbitos e Causa Morte de “todas as vítimas civis assassinadas à bala” no estado em 2012; e o controle popular, externo e independente de toda atividade policial em São Paulo – por meio de Ouvidorias, Corregedorias e Defensoria Pública. (leia a carta do Comitê na íntegra)
Reivindicações e demissão
Nesta quinta-feira (22), cerca de 300 integrantes do Comitê ocuparam a sede da Secretaria de Justiça de São Paulo. A ação ocorreu por volta das 11h30, no dia em que o novo secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, assumiu o cargo no lugar de Antônio Ferreira Pinto, que comandou por sete anos a secretaria.
O anúncio de que Ferreira Pinto deixaria o cargo foi feito após mais uma noite de altos índices de criminalidade na região metropolitana.
176 mortes em outubro
Segundo dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública, o mês de outubro foi o mais violento na capital paulista até agora. Com um aumento de 114% em comparação ao mesmo período do ano passado, foram registradas 176 mortes.
Apenas nas três primeiras semanas deste mês, 140 pessoas já foram mortas na capital paulista. Este ano foram registradas 18 chacinas na região metropolitana de São Paulo.
Colaborou Jorge Américo, da Rádioagencia NP
22/11/2012
José Francisco Neto
da Redação

http://www.brasildefato.com.br/node/11204

As mortes causadas por policiais foram o principal objetivo do protesto


Cerca de 300 integrantes do “Comitê contra o genocídio da população negra, pobre e periférica” ocuparam a sede da Secretaria de Justiça de São Paulo, nesta quinta-feira (22). A ação ocorreu por volta das 11h30, no dia em que o novo secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, assumiu o cargo. As operações policiais nas periferias da capital e municípios da Grande São Paulo são o principal alvo do protesto.

O confronto entre policiais e crime organizado fez disparar os índices de violência no estado. Somente nas três primeiras semanas deste mês, 130 pessoas foram mortas na capital. Já a Região Metropolitana registrou pelo menos 18 chacinas em 2012.

O Comitê divulgou uma carta assinada por mais de 80 organizações, exigindo que “todos os casos de mortes de civis por policiais sob alegação de confronto sejam registrados e investigados como homicídios”. O fim dos “autos de resistência” ou “resistência seguida de morte” é uma das principais demandas apresentadas pelos movimentos às autoridades públicas. (Leia a carta na íntegra).

Entre outras pautas, as organizações defendem o fim da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e desmilitarização das Polícias; levantamento das identidades, boletins de ocorrência e Certidões de Óbito de todos os civis assassinados no estado em 2012; e o controle popular e externo de toda atividade policial – por meio de Ouvidorias, Corregedorias e Defensoria Pública.

Os movimentos ainda exigem a responsabilização do governador Geraldo Alckmin e a abertura da “CPI das Polícias e dos Grupos de Extermínio”.

O Comitê é formado por redes de familiares de vítimas diretas da violência, organizações do movimento social e negro, cursinhos comunitários, sindicatos, associações, saraus periféricos, posses de hip-hop, entre outras entidades representativas da sociedade civil.

Protesto ocupação do prédio da Secretaria de Justiça SP

Grupo em protesto, ocupa prédio da Secretaria de Justiça em São Paulo

Manifestação cobra respostas da autoridades em relação à violência.

Comitê realizou ato em protesto aos inúmeros casos de violência e alto número de homicídios no Estado, na Praça da Sé, pela manhã.

 

O Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra ocupou no início da tarde desta quinta-feira (22) o térreo da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do estado de São Paulo.  Segundo Douglas Belchior, membro da Uneafro, uma das organizações que participa da manifestação, o objetivo é cobrar das autoridades respostas em relação à criminalidade em São Paulo. 

— A sociedade civil está reagindo

Ainda de acordo com Douglas, os cerca de 300 manifestantes só devem deixar o local após o novo secretário de segurança pública do estado de São Paulo, Fernando Grella, falar com eles.

Porém, segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania do estado de São Paulo, a manifestação foi pacífica e terminou por volta das 15h.

Na pauta de reivindicações do comitê está a identificação dos civis que morreram durante a onda de violência que acontece no Estado, a desmilitarização da polícia em São Paulo, o fim da Rota e a criação de uma CPI da Polícia Militar.

Os manifestantes também cobram a realização de uma audiência pública no dia 6 de dezembro com o ministro da Justiça, o governador e o secretário de segurança pública junto aos movimentos sociais para discutir a criminalidade em São Paulo.

Pela manhã, o movimento realizou, na Praça da Sé, um ato em protesto aos inúmeros casos de violência e ao alto número de homicídios em São Paulo.

Publicado em 22/11/2012 às 15h07: atualizado em: 22/11/2012 às 15h27

Do R7

http://noticias.r7.com/sao-paulo/grupo-em-protesto-ocupa-predio-da-secretaria-de-justica-em-sao-paulo-22112012

Comitê contra o Genocídio da População Negra ocupa sede da Secretaria de Justiça

 

Os manifestantes querem audiência com o novo Secretario de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira

Entre os manifestantes estão mais de cem organizações que compõem os movimentos negros, estudantil, indígena entre outros

 

Manifestantes do Comitê contra o Genocídio da Juventude Negra e Periférica de São Paulo  ocuparam durante toda a tarde desta quinta-feira(22) a sede da Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania, no Pátio do Colégio, região central de São Paulo. Os protestos são por uma audiência com o novo Secretario de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, para tratar sobre o genocídio da população negra.

Entre os manifestantes estão mais de cem organizações que compõem os movimentos negros, estudantil, indígena entre outros.

Além da audiência com o novo secretario de Segurança , os manifestantes entregaram a Secretaria de Justiça um documento com as principais reivindicações do Comitê.

Para a estudante Caroline Amanda Lopes, integrante do GT (Grupo de Trabalho) institucional do Comitê e moradora do Jardim Ângela, a manifestação de hoje foi  extremamente estratégica.

“Nossa ideia era chamar atenção durante a posse do novo Secretario, mas pela quantidade de segurança, achamos por bem ocupar a sede da Secretaria da Justiça. Nossas reivindicações  já haviam sido enviadas ao antigo Secretario – a quem inclusive, pedimos que a Justiça puna por todos os crimes cometidos durante seu período no cargo”, explica.

A assessoria de imprensa da Secretaria da Justiça informou, através de nota, que o chefe de gabinete da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, Roberto Fleury, foi quem atendeu os integrantes e organizadores do Comitê. Em respeito a exigência de intermediação com o recém-empossado secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, para que este recebesse e encaminhasse documento com todas as reivindicações foi feito contato com o chefe de gabinete e com o assessor parlamentar da Secretaria da Segurança Pública, que ficaram de agendar uma data para o encontro. A assessoria informa ainda que a Secretaria da Justiça protocolou e entregou o documento na Secretaria da Segurança Pública.

O Panorama Brasil tentou ouvir o novo secretário, entrentando, a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública informou que com a posse do cargo ocorrida hoje, Grella estaria impossibilitado de comentar o caso.

Por: Panorama Brasil

SÂO PAULO

http://www.panoramabrasil.com.br/cidades/comite-contra-o-genocidio-da-populacao-negra-ocupa-sede-da-secretaria-de-justica-id98332.html

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Partido Nacional AfroBrasileiro (PNAB)

Movimento negro lança partido político

Sex, 16 de Novembro de 2012 08:01

Um novo partido poderá passar a fazer parte da constelação política brasileira. Trata-se do Partido Nacional AfroBrasileiro (PNAB) cujo lançamento vai marcar a passagem do Dia da Consciência Negra na região Oeste.

Henrique, coordenador da ideia do partido afrobrasileiro

Henrique, coordenador da ideia do partido afrobrasileiro

O objetivo precípuo do PNAB é promover a participação de negros e afrodescendentes na política brasileira, conforme reza o estatuto do partido. O lançamento nacional será em ações articuladas no dia 20 em Itapevi, Jandira e Carapicuíba.

O partido é, segundo seus proponentes, uma proposta de âmbito nacional que está sendo trabalhada por lideranças negras nos estado da Bahia, Rio Grande do Sul, Maranhão, São Paulo e Rio de Janeiro, a partir do trabalho que é feito em Itapevi pela Associação Nacional do Turismo Afro Brasileiro (Antab) e do Circuito Internacional do Afro Negócio (Cian).

As duas instituições estão sediadas no município e atuam no desenvolvimento de ações e projetos focados para a valorização da população negra brasileira, cooperação comercial e industrial com os países africanos e na promoção do turismo e afronegócio no segmento afro.

Em 3 de outubro a vice-consulesa de Angola em São Paulo, Alice Mendonça e o presidente da Antab e do Cian, Francisco Henrique Silvino, idealizador da proposta de criação do partido e coordenador nacional do programa, realizou o lançamento de dois programas voltados para a população negra da região, sendo um deles o programa “Empreendedor Popular” que terá dentre as matérias do curso que será realizado para formação de empreendedores de forma cooperada, a questão da formação política.

“O PNAB quer ser uma referência da população negra brasileira, que hoje representa mais da metade do povo brasileiro, tendo ainda a abertura para a participação de todos que vejam na proposta do partido uma oportunidade para compartilhar das mudanças que se fazem necessárias na política brasileira, sem qualquer restrição étnica ou religiosa”, disse Henrique.

O coordenador adiantou que já há um abaixo-assinado nas redes sociais buscando assinaturas e adesão para a legalização do partido.

http://www.paginazero.com.br/site/politica/8004-movimento-negro-lanca-partido-politico.html

50 anos de carreira de Zózimo Bubul

Aos 50 anos de carreira, Zózimo Bulbul usa seu trabalho para lutar contra preconceitos

Rio -  São 75 anos de idade e 50 de carreira. Seja no cinema ou no teatro, uma estrada marcada pela luta contra o preconceito. Para Zózimo Bulbul, estrela da TV nos anos 60, a batalha continua. Curador de duas mostras que abrem espaço para a produção cultural africana nesta semana da Consciência Negra, o ator e cineasta alerta que a situação dos afrodescendentes no Brasil pouco mudou em meio século.

Cineasta afirma que, em meio século, poucas foram as mudanças para os negros | Foto: Divulgação

Cineasta afirma que, em meio século, poucas foram as mudanças para os negros | Foto: Divulgação

“Mudou o quê? Precisa mudar mais. Para de Pelé, Zumbi dos Palmares. Têm muitos outros homens e mulheres afrodescendentes pensando, querendo dialogar com essa inteligência colonizadora que está estagnada há mais de 500 anos. É preciso uma integração racial/social, se é que esse País pensa em sair dessa miséria atávica e lutar por uma posição mais digna para o seu povo”, opina ele, que foi o primeiro protagonista negro em novelas brasileiras — ‘Vidas Em Conflito’, de 1969.

Para alimentar o debate em torno do tema, Zózimo faz a curadoria do 6º ‘Encontro de Cinema Negro Brasil África e Caribe’, que começa amanhã. Mais de 40 obras brasileiras e africanas serão exibidas no Cinema Odeon, Centro Cultural da Justiça Federal e Oi Futuro de Ipanema. Também haverá sessões ao ar livre no Cais do Valongo e na Pedra do Sal, na Gamboa.

Paralelamente, ele coordena um circuito com fotografias, imagens cinematográficas, grafite, artes cênicas e gastronomia. É o projeto ‘Herança Africana — Intervenções Urbanas No Caminho Do Porto’, realizado em 8 lugares da Zona Portuária. A programação completa dos dois eventos está no site www.afrocariocadecinema.org.br.

“Todos nós gostaríamos de ter feito ou estar fazendo muito mais cinema, teatro, dança, música... Mas isso não é corrigido desde 1.500. Enquanto continuarmos a ter ojeriza da África neste País, o povo brasileiro nunca vai ter seu lugar”, afirma Zózimo, que tem planos para o futuro: quer dirigir uma peça escrita por Joel Rufino e, além disso, levar ao cinema uma história que englobe África, América Latina e Caribe.

http://odia.ig.com.br/portal/diversaoetv/aos-50-anos-de-carreira-z%C3%B3zimo-bulbul-usa-seu-trabalho-para-lutar-contra-preconceitos-1.516823

Estudo para adotar cotas para o serviço público

Governo estuda adotar cotas para o serviço público, diz ministra

Luiza Bairros (Igualdade Racial) disse que proposta será finalizada em 2012.
Dilma defende ações afirmativas para superar desigualdade, diz ministra.

A ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, afirmou nesta quarta-feira (21) que o governo estuda adotar cotas de negros – a exemplo do que ocorre nas universidades federais – para o serviço público federal.

Segundo a ministra, a Seppir, o Ministério do Planejamento e a Advocacia-Geral da União estão à frente dos estudos sobre o assunto. A expectativa é de que até o final deste ano a proposta seja finalizada.

“Essa discussão [sobre cotas no serviço público] está em curso dentro do governo. Estamos colhendo pareceres de vários setores, do próprio Ministério do Planejamento e da Advocacia-Geral da União (AGU), para que, com esses pareceres, possamos levar uma posição governamental para a presidente, para ela poder fazer a decisão final com relação a isso”, afirmou Luiza após participar de uma cerimônia no Palácio do Planalto em alusão do Dia da Consciência Negra.

A proposta, segundo disse a ministra, está em “fase ainda muito inicial” e não foi discutida com a presidente Dilma Rousseff. Luiza lembrou, porém, que Dilma tem uma “posição inequívoca sobre a importância das ações afirmativas e mais particularmente das cotas como instrumento fundamental para se superar a desigualdade racial no Brasil”.

Nesta quarta-feira, durante cerimônia no Planalto, a presidente Dilma defendeu a adoção de políticas afirmativas, mas não citou o serviço público de forma específica.

“Não podemos nunca pensar o Brasil como nação sem pensar a contribuição dos afrodescendentes”, declarou a presidente, que anunciou a ampliação de ações do Brasil sem Miséria para comunidades quilombolas.

Nesta terça-feira (20), Dia da Consciência Negra, o presidente do Tribunal Superior doTrabalho (TST), ministro João Oreste Dalazen, assinou um ato reservando 5% das vagas de todos os contratos de prestação de serviços no tribunal para profissionais afrodescendentes.

Priscilla MendesDo G1, em Brasília

http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/11/governo-estuda-adotar-cotas-para-o-servico-publico-diz-ministra.html

Desigualdade no Brasil tem "raça, gênero e idade"

Dilma: desigualdade no Brasil tem "raça, gênero e idade"

A presidente anunciou nesta quarta-feira medidas de apoio dirigidas aos afrobrasileiros

 

Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia alusiva ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, com anúncio de ações para as Comunidades Quilombolas

Dilma Rousseff durante cerimônia alusiva ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra: a presidente outorgou os títulos de propriedade das terras a oito dessas comunidades

Brasília - A presidente Dilma Rousseff anunciou, nesta quarta-feira, diversas medidas de apoio dirigidas às comunidades de afrodescendentes e afirmou que a raiz das desigualdades sociais no país tem "raça","gênero" e "idade".

A "desigualdade" e a "injustiça social" no Brasil tem "raça, porque é negra", mas "também tem gênero, porque afeta sobretudo às mulheres", e "tem idade, porque as crianças são vítimas", declarou Dilma em um ato realizado no Palácio do Planalto.

A presidente sustentou que, de acordo com os censos, metade da população do país é descendente de africanos e disse que apesar disso, "as comunidades negras foram quase esquecidas" pelo Estado durante décadas, o que contribuiu para que hoje façam parte dos setores mais empobrecidos da sociedade.

Segundo Dilma, esse "esquecimento" se manteve inclusive depois da abolição da escravidão, em 1888, e foi a origem do "estado de exclusão social" em que ainda vive a maior parte da população negra do país.

No interior do Brasil, ainda existem várias comunidades formadas por descendentes de escravos que fugiram das fazendas ou das cidades para serem esquecidas no campo e fundaram aldeias até hoje conhecidas como "quilombos".

Mediante um decreto assinado nesta quarta, Dilma outorgou os títulos de propriedade das terras a oito dessas comunidades, às quais se comprometeu a incorporar planos de assistência técnica e creditícia para apoiar a agricultura familiar.

O ato foi realizado no marco das comemorações do Dia da Consciência Negra, que desde 2003 é celebrado no Brasil no 20 de novembro, em memória ao Zumbi dos Palmares, um emblemático líder das lutas contra a escravidão no Século XIX. 

Roberto Stuckert Filho/PR

http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/dilma-desigualdade-no-brasil-tem-raca-genero-e-idade

“Brasil Sem Miséria” para comunidades quilombolas

Dilma estende ações do Brasil Sem Miséria a comunidades quilombolas

Para a presidente, medida vai reparar 'injustiças históricas' no país.
Governo pretende levar crédito e regularização fundiária para comunidades.

  A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta quarta-feira (21) a ampliação do Programa Brasil Quilombola, que passará a contar com ações do programa de erradicação da pobreza extrema do governo federal, o Brasil Sem Miséria. O anúncio faz parte das homenagens ao Dia da Consciência Negra, celebrado nesta terça-feira (20).

Dilma Rousseff cumprimenta moradora de quilombo durante cerimônia em homenagem ao Dia da Consciência Negra no Palácio do Planalto. (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

Dilma Rousseff cumprimenta moradora de
quilombo durante cerimônia em homenagem ao
Dia da Consciência Negra no Palácio do Planalto.
(Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

O programa, de acordo com anúncio do governo, terá três eixos: regularização fundiária, acesso à terra e inclusão produtiva e ações sociais. “Não podemos permitir que nas comunidades quilombolas estejam as populações mais vulneráveis do nosso país. É por isso que, além da regularização fundiária, nós queremos que lá chegue crédito, assistência técnica, energia, água, canais de comercialização e o Luz para Todos”, discursou a presidente durante cerimônia, no Palácio do Planalto.

A presidente afirmou que a desigualdade no Brasil tem gênero, raça e idade. “A desigualdade no nosso país tem gênero. Ela é dominantemente feminina. A desigualdade no nosso país tem raça, ela tem a face negra. A desigualdade no nosso país também tem idade, é preferencialmente uma coisa que afeta duramente as crianças”, disse.

Dilma afirmou que a ampliação do Programa Brasil Quilombola repara “injustiças históricas”. A população brasileira, disse a presidente, tem que saber a importância das “nossas raízes nacionais”. “Não podemos nunca pensar o Brasil como nação sem pensar a contribuição dos afrodescendentes”, declarou.

Regularização fundiária
De acordo com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), que coordena o Brasil Quilombola, o governo entregou título fundiário para duas comunidades quilombolas em Sergipe, documentos que representam o reconhecimento definitivo dos seus territórios. As comunidades beneficiadas foram a Mocambo, no município de Porto da Folha, e Lagoa dos Campinhos, em Amparo do São Francisco.

Além disso, a Seppir assinou um termo de cooperação com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e destinará R$ 1,183 milhão para identificar e delimitar terras, verba que deverá beneficiar 3.350 famílias de 26 comunidades.

Inclusão produtiva
O governo também decidiu estender o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) para quilombolas, o que possibilitará acesso a políticas de crédito que os agricultores familiares já usufruem.

Com as medidas anunciadas nesta terça-feira,o governo prevê ampliação do programa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), que em 2011, segundo dados da Seppir, beneficiou 4,48 mil famílias quilombolas. Além disso, os quilombolas serão contemplados ainda pelo programa Água para Todos que, assim como o Ater, fazem parte do Brasil sem Miséria.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, afirmou que o Selo Quilombos do Brasil passará a ser expedido juntamente com o Selo da Agricultura Familiar, que são “certificados de origem e identidade cultural dos produtos de procedência quilombola”, disse.

Ações sociais
As famílias quilombolas passarão a fazer parte do cadastro único do Brasil sem Miséria. Assim, o Ministério do Desenvolvimento Social fará uma busca ativa dessas pessoas, facilitando a identificação como quilombola e estendendo o acesso a políticas sociais, segundo afirmou a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello.

O governo fará, segundo a ministra, uma “ampla mobilização nacional para identificar os quilombolas e construir políticas específicas que possam atender a essas comunidades rurais”. “A maioria dos quilombolas já recebe Bolsa Família, mas não sabemos que são quilombolas”, afirmou.

“A população negra representa a maioria da população brasileira, mais de 50%, mas entre os extremamente pobres, representa quase 72%. Portanto as ações voltadas para a população extremamente pobre no Brasil tem sim que ser voltada para a inclusão da população negra”, afirmou Tereza Campello.

Ascensão à classe média
A ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, destacou a presença majoritária da população negra entre os que ascenderam à classe média nos últimos anos. Para ela, houve uma “melhora sem precedentes” na condição de vida dos negros brasileiros.

“A renda média da população negra na última década cresceu 43,9% contra 19,8% para população branca no mesmo período”, afirmou. “O Brasil vem experimentando um processo inusitado de desenvolvimento com inclusão social, iniciado pelo ex-presidente Lula e hoje se consolida com a firme disposição da presidente Dilma em ampliar o investimento em programas sociais”, discursou a ministra.

A ministra comemorou a sanção, em outubro deste ano, da lei que garante a reserva de 50% das vagas nas universidades federais para estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas. Das vagas reservadas, a lei reserva uma porcentagem para pretos, pardos e indígenas.

A lei, afirmou Luiza Bairros, “constitui um marco importantíssimo das políticas de igualdade racial no Brasil e na América Latina”. Segundo a ministra, 8,7 mil cotistas negros ingressaram no ensino superior em 2010. Com a nova lei, em quatro anos estima-se que a entrada anual de cotistas negros será de 50 mil estudantes.

Programa Brasil Quilombola
De acordo com a Seppir, atualmente há 214 mil famílias quilombolas no país, divididas em 1.834 comunidades certificadas pela Fundação Cultural Palmares. Suas principais atividades produtivas são a agricultura, o extrativismo e a pesca artesanal.

O Programa Brasil Quilombola foi criado em 2004 e, desde então, concedeu território a 193 comunidades, levou energia elétrica a 25 mil domicílios quilombolas e disponibilizou 2.008 equipes de Saúde da Família e 1.536 equipes de Saúde Bucal.

Ainda de acordo com a Seppir, há 1.912 escolas quilombolas beneficiadas com valor adicional na merenda escolar e pelo programa Dinheiro Direto na Escola, que destina recursos para manutenção e reforma das escolas.

Priscilla MendesDo G1, em Brasília

http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/11/dilma-estende-acoes-do-brasil-sem-miseria-comunidades-quilombolas.html

Ibirapuera SP Ministério da Cultura anuncia editais para artistas negros

Ministério da Cultura anuncia editais para artistas negros

O anúncio de projetos de incentivo à produção cultural de afrodescendentes e a inauguração de uma série de exposições marcaram nesta terça-feira a celebração do Dia da Consciência Negra.

Ibirapuera - Assinatura Edital 190

foto: Hugo Ferreira

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, apresentou nesta terça-feira em São Paulo um pacote de editais para incentivar artistas negros nas áreas de audiovisual, circo, dança, música, teatro, literatura, artes visuais e pesquisa acadêmica, com recursos iniciais no valor de R$ 10 milhões.

"O objetivo é aumentar as oportunidades para a comunidade negra poder se inserir na produção cultural. O que nós queremos é que um maior número de brasileiros negros possa viver da sua arte. Isso ainda não acontece. Nós não temos nosso Spike Lee, mas vamos ter com certeza", afirmou Marta em referência ao cineasta americano negro.

O Dia da Consciência Negra, celebrado em quase 800 dos mais de cinco municípios brasileiros, contou também com a inauguração de três exposições no Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera, que reúnem fotografias, instrumentos, adornos e peças que vão desde a época da escravidão até nossos dias.

Na Universidade Zumbi dos Palmares, centro educativo para afrodescendentes em São Paulo, aconteceu o Seminário Internacional do Observatório da População Negra, que contou com a participação de Bernice King, filha de Martin Luther King, Prêmio Nobel da Paz em 1964.

Durante o seminário, a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República apresentou um relatório no qual apontou que os negros são maioria entre o 5% da população mais pobre do país, representando 70% desse grupo.

No Rio de Janeiro, as atividades começaram com a tradicional lavagem do Monumento de Zumbi e com a abertura de exposições de fotografia e arte ao ar livre.

Também no Rio, organizações não-governamentais que atendem à população negra realizaram atividades lúdicas e culturais com as crianças de várias comunidades cariocas. EFE

http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI6319143-EI294,00-Ministerio+da+Cultura+anuncia+editais+para+artistas+negros.html

20 de novembro de 2012 21h43

IX Marcha da Consciência Negra - SP

Dia 20 de novembro de 2012 – Do MASP na Av. Paulista até as escadarias do Teatro Municipal, um lema um grito unido:
COTAS SIM, GENOCÍDIO NÃO!

Marcha em SP protesta contra mortes de negros na periferia



  No MASP Gilson Negão
São Paulo – Com o slogan Cotas sim, genocídio não, a 9ª Marcha da Consciência Negra protestou desde o início da tarde de hoje (20) contra os assassinatos de jovens negros na periferia paulistana e defendeu as cotas raciais. Cerca de 500 pessoas de diversas entidades ligadas à defesa dos direitos da população negra participaram da marcha, segundo a Polícia Militar.


 
 

Egbonmy Conceição Reis Reis




Nelson Triunfo




Gilson Negão
(Foto: Marcelo Camargo / Abr)
Por volta das 15h, os manifestantes tomaram duas faixas da Avenida Paulista e seguiram, embaixo de chuva e granizo, até o Teatro Municipal de São Paulo.
“O nosso objetivo é fazer crescer a luta pela igualdade racial no Brasil. Apesar dos passos que estão sendo dados serem positivos, tanto no âmbito da sociedade quanto do governo, ainda tem muito o que se fazer”, disse Edson França, presidente da União de Negros e Negras Pela Igualdade (Unegro).
O presidente da Unegro pediu a atenção do governo para os assassinatos de jovens negros nas periferias. “A população negra acumula grandes desvantagens, continua sendo a principal vítima da violência, especialmente neste momento delicado de São Paulo.” Segundo França, é preciso garantir o direito à vida. “A nossa molecada precisa ter garantia de que vai nascer, crescer, viver. Hoje, ser jovem negro e ultrapassar a barreira dos 30 anos, é contrariar as estatísticas”, disse.
Também participou da manifestação Nelson Gonçalves Campos Filho, conhecido como Nelson Triunfo, um dos responsáveis por introduzir a cultura hip hop no Brasil. O arte educador, produtor cultural, músico e dançarino, que atua em diversos movimentos sociais, disse que a violência contra o negro na periferia não é um problema atual. “Isso vem acontecendo há muito tempo, só que de uma forma mais enrustida. Antes, não tinha tantos celulares para filmar”, disse.
No âmbito da educação, Edison Benedito Luiz, diretor do Coletivo de Empresários e Empreendedores Afro-brasileiros (Ceabra), defendeu que o estado aprove uma lei de cotas para as universidades e institutos paulistas, assim como fez o governo federal. “É uma reivindicação antiga do movimento negro, para diminuição da desigualdade racial. O negro não ascende à faculdade em função de uma série de coisas que são fruto da escravidão. Esta é uma forma de ressarcir o negro do período da escravidão”, argumentou.
De acordo com Edson França, não basta oferecer vagas, por meio de cotas aos negros, é necessário também que se crie condições para que ele permaneça no ensino superior. “Nós precisamos garantir que esses jovens negros e pobres almocem, jantem, tenham condução, livros, passeiem, vão ao cinema, ao shopping, à praia. Isso o governo precisa fazer, as cotas não têm sido acompanhadas desse reforço.”

Capoeira, capoeira…

Durante a marcha, que passou pelo vão livre do Museu de Arte de São Paulo, alguns grupos jogaram capoeira, outros cantaram músicas em homenagem ao líder negro Zumbi dos Palmares. Representantes da religião umbanda também benzeram os participantes.
Por volta das 15h, os manifestantes tomaram duas faixas da Avenida Paulista e seguiram, embaixo de chuva e granizo, até o Teatro Municipal de São Paulo. “Terminou no teatro porque foi onde se iniciou o primeiro movimento negro, em 1974, o Movimento Negro Unificado (MNU)”, explicou França.
Fonte: Fernanda Cruz - Agência Brasil
20.11.2012 - 19h19 | Atualizado em 20.11.2012 - 20h15
Edição: Carolina Pimentel
  • Direitos autorais: Creative Commons - CC BY 3.0























terça-feira, 13 de novembro de 2012

OCUPAÇÃO DO PRÉDIO DA REITORIA DA UNESP

NOTA OFICIAL DA EDUCAFRO

dia 13 de novembro

A família Educafro está triste. Estará completando um ano, no dia 20 de novembro, que um grupo de militantes, às portas da Reitoria da UNESP, fez greve de fome. De lá para cá, nada mudou. O Reitor e o Conselho Universitário continuam a decretarem a exclusão/expulsão de negros/as e brancos/as pobres dos bancos universitários da UNESP. Diante desta omissão estamos sendo obrigados a retomar a greve de fome, neste dia 13 de novembro, através de alguns militantes.

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A greve de fome tem início para começar, hoje às 10 horas, mas não tem data para terminar.

Como o Reitor e seu Conselho Universitário conseguem dormir se, nos 10 cursos mais disputados da UNESP, em 8 deles tem zero por cento de negros matriculados? Isto é justo? É assim que a UNESP quer ajudar a construir o Brasil de amanhã?

 

 

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Corre comentário de que o Governador Geraldo Alckmin convocou os Reitores da USP, UNESP e UNICAMP para agilizarem um plano de INCLUSÃO de negros. Queremos lembrar que em 2006 o Governador da época, Cláudio Lembo, também convocou os três Reitores para debaterem o assunto. O debate se iniciou com a Educafro apresentando slides com os argumentos da importância das COTAS para negros e brancos pobres. Foi uma pressão forte da Educafro. Nada mudou... O Governador disse que não iria enfrentar as Universidades. E hoje será diferente? O que é mais importante para o Estado: o povo negro e branco pobre ficar excluindo da excelência do saber ou a vontade dos acadêmicos conservadores ser mantida pelo Governador?

 

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Sabemos que a compreensão de MERITOCRACIA adotada pela UNESP, USP e UNICAMP é equivocada. O maior ideólogo da Universidade de Harvard, Michael Sandel afirma e alerta há anos que as Universidades devem evitar a aplicação da MERITOCRACIA INJUSTA. O que é isto?

Frei David Santos OFM

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Frei David Santos OFM

Pela Equipe de ocupação

Cel (11) 9 6173-3341

Contatos da equipe de apoio:

1 - (11) 9 61735525

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fotos: Educafro

A violência contra jovens negros no Brasil

A cada nova divulgação dos dados sobre homicídios no Brasil a mesma informação é dada: morrem por homicídio, proporcionalmente, mais jovens negros do que jovens brancos no país. Além disso, vem se confirmando que a tendência é um crescimento desta desigualdade nas mortes por homicídios.

Foto: Luliexperiment/Flickr

O diagnóstico produzido pelo Governo Federal apresentado ao Conselho Nacional de Juventude – CONJUVE mostra vetores importantes desta realidade, para além dos socioeconômicos: a condição geracional e a condição racial dos vitimizados.Em 2010, morreram no Brasil 49.932 pessoas vítimas de homicídio, ou seja, 26,2 a cada 100 mil habitantes. 70,6% das vítimas eram negras. Em 2010, 26.854 jovens entre 15 e 29 foram vítimas de homicídio, ou seja, 53,5% do total; 74,6% dos jovens assassinados eram negros e 91,3% das vítimas de homicídio eram do sexo masculino. Já as vítimas jovens (ente 15 e 29 anos) correspondem a 53% do total e a diferença entre jovens brancos e negros salta de 4.807 para 12.190 homicídios, entre 2000 e 2009. Os dados foram recolhidos do DataSUS/Ministério da Saúde e do Mapa da Violência 2011.

Podemos dizer que este tema entrou na cena pública, quando, em 2007, o Fórum Nacional da Juventude Negra – FONAJUNE lançou a campanha nacional “Contra o Genocídio da Juventude Negra”. Em 2008, foi realizada a 1ª. Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude, e das 22 prioridades eleitas nesta CNPPJ, a proposta mais votada foi a indicada pela juventude negra que tematizava justamente os homicídios de jovens negros.

Depois de passar CONJUVE, o tema foiabsorvido pelo Executivo, no final de 2010, através da Secretaria de Políticas de Igualdade Racial – SEPPIR, com a realização de uma oficina chamada “Combate à mortalidade da juventude negra”.Com a sucessão presidencial, a pauta – deixada de lado pela SEPPIR, em 2011 – foi reincorporada pela Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), ligada à Secretaria Geral da Presidência da República-SG/PR, em meados de 2011. A SNJ sugeriu que o Fórum Direitos e Cidadania (coordenado pela SG/PR), que reúne os principais ministérios ligados ao tema, tomasse para si a questão. Foi o que aconteceu, a partir da criação de uma Sala de Situação da Juventude Negra dentro do Fórum. A partir daí desencadeou-se uma agenda nos moldes participativos para o desenvolvimento de propostas que agissem pela redução da violência contra a juventude negra.

Problema velho, soluções inovadoras

Esta pauta, de início, podemos sugerir que possui um caráter especialmente participativo. Pois inicia-se com uma Conferência de participação social e passa a ser discutido pelo Conjuve. Depois, quando chega ao executivo, mantém este formato de discussão.

O problema a ser enfrentado é bem complexo. Até hoje algumas iniciativas que dialogam com este público de juventude negra. Entretanto, existe uma dissonância entre elementos fundamentais para o êxito de uma ação que vise combater os homicídios de jovens negros. Para estas políticas, quando há orçamento, não há reconhecimento de diferenças; quando o projeto aborda a juventude negra, não há recursos. E quando há reconhecimento com recursos, não existe foco nos jovens mais vulneráveis.

Assim, esta agenda deve ser trabalhada pelo poder público a partir de duas concepções distintas de políticas públicas e a partir de uma noção convergente de direitos, pois o direito à vida de certa juventude (a juventude negra) e elaborada a partir do reconhecimento dediferenças. Mas que o Estado Brasileiro através de seus quadros burocráticos, muitas vezes reluta em fazê-lo.

Uma delas a chamada transversalidade, que defende que as políticas públicas devem ser caracterizadas pelas dimensões que se pretendem reconhecer (racialmente, por gênero etc.). A outra maneira pela qual as políticas setoriais vêm sendo tratadas é pela ação afirmativa. Esta defende que é preciso criar políticas emergenciais, combinas às estruturantes para públicos específicos (negros, jovens, mulheres).

As políticas chamadas transversais carregam consigo um dilema sobre a sua autoria. Se elas devem estar em todos os campos da ação pública, quem tem o dever de realizá-las? De quem é a responsabilidade de resolver o problema dos homicídios dos jovens negros no interior de um governo? A Secretaria Nacional de Juventude, A Secretaria de Políticas de Igualdade Racial? A Secretaria de Segurança Pública?

Mas o outro lado deste assunto é que ele mostra que ações relacionadas a este tema podem partir de outros atores que não apenas o Ministério da Justiça e que o tema dos homicídios é apropriado por outros setores da sociedade e do Estado que não são os tradicionalmente ligados ao tema.

Entretanto, antes que um ou outro ministério assuma esta tarefa, é necessário ultrapassar uma barreira que muito se vê Brasil a fora:  deve-se fincar as ações de promoção de direitos e tratar o seu público “alvo” desta vez como sujeito de direitos e não como “jovens problemas”. Isso é uma tendência que os setores organizados da sociedade civil vêm defendendo, há anos, e que agora devem chegar às políticas que ligam juventude à violência. Do que decorrerá outro ponto inovador: os jovens são tratados com vítimas e não mais como os vitimizadores.

Acredito ser este um bom exemplo de como a participação social e a abertura do processo de elaboração política para diversos setores da sociedade apontam para a criação de políticas que atendam ao reconhecimento e promoção de novos direitos, com o surgimento de novos arranjos institucionais. Ainda que os problemas sejam tão antigos.

por Paulo Ramos

Paulo Ramos, 31, é especialista em análise política pela UnB e mestrando em sociologia pela Universidade Federal de São Carlos. Foi consultor da UNESCO e da Fundação Perseu Abramo para o tema das relações raciais e de juventude.

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-violencia-contra-jovens-negros-no-brasil/

História das mulheres negras no Brasil

Com pesquisas originais, que esmiúçam fontes e privilegiam as biografias, o livro Mulheres Negras no Brasil Escravista e do Pós-Emancipação oferece um quadro amplo e fascinante das experiências das mulheres negras, primeiras agentes da emancipação da comunidade de africanos e de seus descendentes na diáspora.

Livro aborda história das mulheres negras no Brasil 

O livro reúne artigos de 20 importantes especialistas na temática, cobrindo o Brasil de norte a sul. 

 

Os temas da escravidão e da presença africana tiveram destaque no chamado pensamento social brasileiro desde o alvorecer do século 20. Por meio de inúmeras publicações, sabemos cada vez mais sobre as estruturas sociais, demográficas, econômicas e culturais de várias regiões, assim como de sua população de africanos e descendentes. 

Entretanto, pouco se sabe sobre as experiências de mulheres negras. Como foi sua participação na organização da sociedade escravista e nas primeiras décadas do pós-emancipação? Como elaboraram sociabilidades, modificando a própria vida e a de seus familiares? Como protestaram com obstinação, minando a escravidão e contrariando a ideia de que aceitaram com passividade a opressão imposta?

A principal proposta do livro, segundo os organziadores, foi não somente caminhar a partir das mulheres, mas com elas e por meio delas. Por conta disso, os textos tiveram como centro da análise os percursos de pequenas biografias, em uma diversidade territorial que abrange grandes cidades escravistas, destacando principalmente os estados de Minas Gerais, Bahia,
Paraíba, Goiás, Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.

Silhuetas encobertas

“Donas de passados e presentes atuais e verdadeiros, sólidos tal qual uma rocha, na historiografia sobre a escravidão e a pós-emancipação, as mulheres negras são pouco abordadas como protagonistas das mais diversas histórias. Embora só um começo, esta coletânea dá alguns passos nessa direção, revelando silhuetas até então encobertas pelas hierarquias de gênero e raça”, concluem os organizadores.

A obra organizada pelos historiadores Giovana Xavier, Juliana Barreto Farias e Flávio Gomes, começa a descortinar essa história. O livro reúne artigos de 20 importantes especialistas na temática, cobrindo o Brasil de norte a sul em termos teóricos e no uso de fontes diversas. A coletânea passeia por cidades, plantações e áreas de mineração nos séculos 18, 19 e primeiras décadas do século 20.

“São textos de pesquisa que dão conta não só de cidades, engenhos, fábricas, mansões, mas que fundamentalmente reconstroem cenários e desenham paisagens revelando sombras, suspiros e formas de vida, do corpo, da mente e da alma das mulheres na escravidão e nas primeiras décadas do pós-emancipação”, explicam os organizadores.

Os autores apresentam textos com uma narrativa diferenciada da abordagem acadêmica tradicional. A qualidade dos artigos e a originalidade da temática somam-se à diversidade de fontes documentais utilizadas nas pesquisas. Processos, jornais, literatura, inventários, músicas, poesias, registros de óbito, de batismo, iconografia etc. foram fartamente explorados para apresentar um panorama amplo da história da mulher negra, contemplando sua presença e participação em diferentes partes do país.

fontes: http://correiodobrasil.com.br/livro-conta-historia-das-mulheres-negras-no-brasil-%C2%A0/543561/#.UKI5MOQmfUs

http://www.editorasenacsp.com.br/portal/produto.do appAction=vwProdutoDetalhe&idProduto=20715

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Reflexões sobre a História do Haiti

Algumas Reflexões sobre a História do Haiti e Suas Durações –

O historiador norte-americano Eric Foner escreveu sobre a independência do Haiti (no início do século XIX): “A espiral econômica descendente que deixou o Haiti como uma das nações mais pobres do hemisfério pareceu também demonstrar a muitos observadores do século XIX que uma nação camponesa de ex-escravos leva necessariamente ao desastre econômico”.
Haiti
A lição que Foner depreendeu da experiência dos haitianos, entretanto, não foi o que observadores do séculos XIX, XX e XXI ainda parecem ver na miséria da ilha. O que Foner quis demonstrar não é o que inconscientemente ficou cristalizado no pensamento racista dos oitocentos (e dos novecentos e dos anos 2000), que é, a grosso modo, que a experiência de uma nação de negros ex-escravos jamais poderia alcançar contornos políticos, sociais e econômicos desenvolvidos. Nessa linha, conclui o autor: “Nascida da revolução escrava, a república negra representava uma ameaça permanente para as sociedades escravocratas no Novo Mundo e para os impérios do Velho. Por esse motivo o Haiti era tratado como um pária pela comunidade internacional”.
Se depois do terrível terremoto e do caos humanitário já se sabe bem mais sobre ilha; se já a reconhecemos mais facilmente dentre o emaranhado de ilhas do Mar do Caribe, muitos de nós ainda desconhece esse outro lado interessante da história do país, talvez porque ainda concebemos o Haiti como “pária internacional”. O irmão negro e mais pobre na América. Se desde a independência até hoje mais de 200 anos se passaram, algumas das circunstâncias dela ainda ecoam na forma como o país conduziu sua vida política e econômica até aqui.
O Haiti, que ocupa a parcela ocidental de uma das maiores ilhas da região, já foi a jóia das Antilhas no século XVIII, sob domínio colonial da França. Seguindo o padrão econômico mais ou menos uniforme das Américas, o Haiti foi um dos maiores exportadores de açúcar, dentre outros gêneros como o algodão e o café, da época. Esse padrão, a grosso modo, envolveu o privilégio do cultivo de itens valorizados no mercado internacional, cultivo esse feito em sua maioria em propriedades rurais de grande porte e com grande incidência do emprego de trabalho escravo de origem africana em larguíssima escala.
Se no início do século XVIII a realidade do Haiti – chamada então de Saint-Domingue – parecia-se muito com as realidades das ilhas vizinhas, e mesmo de colônias continentais, as últimas décadas dos anos setecentos fizeram dela uma das primeiras nações a se separar da metrópole nas Américas. Embora os conflitos entre escravos e senhores – colônia e metrópole – tenham começado antes do início do século XIX, tendo a notável e complexa figura de Toussaint L’Overture como o grande articulador da abolição da escravidão na ilha, o ano simbólico da independência do país é 1804 – quando L’Overture já havia sido preso e morrido – devido a declaração de independência de Jean Jacques Dessalines.
Embora tenhamos o exemplo dos Estados Unidos, cuja declaração de independência da Inglaterra é de 1776, o caso do Haiti é especial porque sua conturbada independência envolveu justamente a abolição geral e irrestrita da escravidão, abalando os dogmas do trabalho cativo como base produtiva de grandes porções do território das três Américas. Até mesmo a porção sul dos recém-independentes Estados Unidos ainda utilizavam o trabalho escravo de origem africana como um de seus pilares de produção. Era a primeira colônia, ex-colônia, que abolia a escravidão negra em todo seu território.
A abolição da escravidão no Haiti e sua independência, entretanto, preencheram processos sociais longos e violentos, cujas conseqüências podem ainda se perceber. No final do século XVIII, a realidade social das colônias francesas no Caribe, mas especialmente no atual Haiti, era a de uma maioria esmagadora de escravos mantidos majoritariamente nas fazendas, de uma pequena elite – branca – proprietária dessas fazendas e dos escravos, e uma incipiente massa de libertos, mestiços e livres.
Com a simbólica queda da Bastilha em Paris, em 1789, a França mergulhou em sua Revolução, se vendo obrigada a afrouxar o controle militar das colônias na América, por estar ela mesmo afundada em terrível guerra civil. Se por um lado, a situação política e fática da metrópole contribuiu para que os escravos antilhanos de diversas ilhas acirrassem sua resistência à escravidão e lutassem pela liberdade, é preciso pensar que o fim da escravidão nas Américas, no atual Haiti, foi uma luta não só cotidiana e pessoal ao longo dos séculos, mas também foi uma revolução de idéias de liberdade que tomavam o pensamento e as armas na França revolucionária, mas que também se expressava nas pequenas e grandes ações por todo o Novo Mundo.
A emancipação e independência no Haiti conseguiram resistir às tentativas dos exércitos de Napoleão – e de outras metrópoles, como a Inglaterra – de restabelecer a escravidão em suas colônias (e que obtiveram sucesso na Martinica, por exemplo). A luta dos haitianos para construir sua identidade nacional e reconstruir seu país depois de tantas sangrentas batalhas ainda estava por encontrar as maiores dificuldades nos anos por vir.
Se a base econômica do país sempre fora a agricultura de exportação, uma vez aniquilado ou exilado o grupo social dos proprietários de terras e escravos, manter o mesmo nível de exploração dos então recém-libertos para manter a produção haitiana competitiva no mercado internacional não condizia mais com as aspirações dos milhares negros que experimentavam a liberdade pela primeira vez. Os haitianos em sua maioria tendiam a fugir das fazendas nas quais haviam trabalhado como escravos e procuravam encontrar novas localidades para se restabelecer, através da agricultura de subsistência ou da produção para o crescente mercado interno.
As terras passaram a ser controladas pelo estado e políticas sucessivas de trabalho forçado foram impostas nas décadas seguintes na tentativa de manter a agricultura de exportação como estrutura da economia. A despeito da violência e das iniciativas de manter o país como grande exportador de produtos primários a realidade econômica haitiana obedeceu uma lógica decrescente por todo o século XIX, marcada pela evasão da população das grandes propriedades estatais e pela emergência de um campesinato. Campesinato esse que se afastava cada vez mais dos desejos do Estado em manter as grandes propriedades exportadoras.
A experiência da independência parecia, portanto, a prova real de que os negros, camponeses, jamais conseguiriam construir um país com instituições políticas complexas. O que muitos deixaram de fora de suas reflexões foram os empecilhos que as grandes potências metropolitanas da época impuseram ao recém-independente estado. O reconhecimento diplomático do Haiti foi um processo demorado e custoso. Com poucos anos de liberdade o país já sofria um encargo econômico irrazoável de indenizar os fazendeiros franceses expulsos. E para além da dívida externa o Haiti ainda foi submetido à quarentena de seus parceiros comerciais de longa data, circunstâncias que criavam um abismo cada vez maior entre o Estado haitiano e a população.
Uma nação independente de negros nas Américas colocava em perigo o delicado equilíbrio entre senhores e escravos de todas as localidades, bem como, colocava em cheque a estrutura de economia exportadora de bens primários. Tão perigosa parecia a revolução de idéias abolicionistas no Haiti, quanto haviam sido as sangrentas batalhas contra os exércitos de Paris. A idéia de um país de ex-escravos em um mundo mergulhado na escravidão era assustadora não só para a Europa, mas para as elites escravocratas de toda América.
Um dos resultados da revolução haitiana foi a falta de interesse da comunidade internacional em restabelecer laços comerciais e culturais. E se não bastasse todo o medo internacional que mais revoluções escravas pipocassem no mundo atlântico, já no século XX os interesses imperialistas apenas se renovaram na ocupação militar dos Estados Unidos entre os anos 1915 e 1934, em mais uma tentativa relativamente frustrada de refazer a estrutura de imensas propriedades voltadas para a exportação. Ainda assim a experiência de séculos de exploração intensa da população nessas grandes propriedades parece ter pairado como uma sombra nefasta empurrando os haitianos a resistir em suas pequenas propriedades por todos os confins do território, a despeito dos projetos de sucessivos governos mais ou menos estáveis de reinstalar o regime econômico da grande propriedade exportadora.
Assim como o século XIX, o século XX tem seus próprios processos históricos, mas é impossível negar o vácuo criado entre a experiência de luta pela liberdade dos haitianos e a construção de seu Estado, por vezes preocupado em re-inserir a nação nos mesmos moldes de nação exportadora de bens primários da sua pré-revolução.
O descompasso entre um projeto social de liberdade e um projeto estatal de sobreviver através de um comércio internacional enforcado pelos antigos e novos parceiros comerciais, abrem brechas para se refletir sobre a continuidade desses conflitos do século XIX. O Haiti do século XX viu ditaduras violentas após o fim da ocupação norte-americana, talvez confirmando essa separação entre um projeto social camponês, duramente reprimido, e um Estado instável, incapaz de construir instituições políticas sólidas e um projeto nacional conciliador.
Maria Clara Carneiro Sampaio é bacharel em Direito pela PUC-SP, bacharel e mestre em História pela USP. O seu mestrado foi sobre projetos de colonização (expatriação) de ex-escravos norte-americanos na Amazônia Brasileira, proposto no Governo Lincoln. Atualmente, faz doutorado no Programa de História Social da USP. A sua pesquisa amplia o estudo do mestrado, para propostas semelhantes feitas simultaneamente para diversos países da América Latina, inclusive Haiti
.

bairro da capital PORT-AU-PRINCE antes do terremoto.
por maria clara carneiro sampaio
janeiro 19, 2010
http://palavrastodaspalavras.wordpress.com/2010/01/19/algumas-reflexoes-sobre-a-historia-do-haiti-e-suas-duracoes-por-maria-clara-carneiro-sampaio/






domingo, 11 de novembro de 2012

O vinte de novembro origens em Porto Alegre

ORIGENS DO VINTE DE NOVEMBRO

Comemorava-se o 13 de Maio, um grupo de jovens negros, em Porto Alegre Rio Grande do Sul no ano de 1 971 em plena ditadura militar reuniram-se na Rua da Praia formaram o Grupo Palmares. A reunião foi por volta de 20/07/1971 a proposta comemorar Palmares e a morte de seu líder Zumbi em oposição "liberdade" doada no dia 13 de maio de 1888, etc”

Oliveira Silveira

Uma entrevista com o saudoso poeta Oliveira Silveira

Oliveira Silveira em 2006  * 1941 + 2009

 

ORIGENS DO VINTE DE NOVEMBRO

"Assim, numa breve definição, a Consciência Negra é,
em essência, a percepção

pelo homem negro d a necessidade
de juntar forças com seus irmãos
em torno da causa de sua atuação –
a negritude de sua pele – e de agir
como um grupo, a fim de se

libertarem das correntes que os
prendem em uma servidão perpétua."
Bantu Steve Biko

por Oliveira Silveira, professor e integrante do Conselho Nacional de Promoção a Igualdade Racial (2004-2007)

Foram necessários 35 anos! E evidente há um relativismo nessa afirmação e... exclamação. são 35 anos do que se pode chamar de período contemporâneo da resistencia e das lutas negras no Brasil, quando já denominadas Movimento Negro - período contado a partir de 1971. Esse foi um ano demarcador através da primeira celebração nacional do Vinte de Novembro.

Novos tempos se iniciam desdobrando-se em três fases: 1971-78 - a virada histórica; 1978-88 -organização, ações políticas,, protestos, posicionamento estratégico...; e de 1988 rm diante - as conquistas mais concretas e palpáveis: presença na Constituição, espaços públicos desde Fundação Cultural Palmares à Seppir, reparações via ações afirmativas (cotas, reserva de vagas, programas e áreas como saúde e educação, bolsas de estudos como as do instituto Rio Branco),territorialidade negra, etc.

Foram necessários 35 anos de ação continuada para chegar a algum retorno significativo - muito significativo, aliás - ou para encaminhar outros, dando sequência ao trabalho resistente de gerações e gerações negras ao longo de cinco séculos. mas desde 35 anos com o Vinte de Novembro, fiquemos apenas com as origens.

Daquele treze a este vinte

A evocação do dia vinte de novembro como data negra foi lançada nacionalmente em 1971 pelo grupo Palmares, de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O grupinho de negros se reunia costumeiramente em alguns fins de tarde na Rua da Praia (oficialmente dos Andradas) quase esquina com Marechal Floriano, em frente a casa Masson. Eram vários esses pontos de encontros, havendo às vezes algum deslocamento por alguma razão. Pontos negros.

Na roda, tendência à unanimidade.O Treze de maio não satisfazia,não havia por que comemorá-lo. A abolição só havia abolido no papel, a lei não determinara medidas concretas, práticas, palpáveis a favor do negro. E sem o Treze era preciso buscar outras datas, era preciso retomar a história do Brasil. Nas conversas , a república, o Reino, o Estado, o Quilombo dos Palmares (Angola Janga) foi o que logo despontou na vista d'olhos sobre os fatos históricos.

As fontes que levaram ao 20 de novembro de 1695 foram o fascículo Zumbi da série Grandes Personagens da nossa história, editora Abril Cultural, 1969, o livro O Quilombo dos Palmares, de Edson Carneiro (São Paulo: Editora Brasiliense, 1947 e, corroborando, a obra As guerras nos Palmares, do português Ernesto Ennes, ditado na coleção Brasiliana (São Paulo: companhia Editora Nacional, 1938).

Foram quatro participantes da primeira reunião, iniciadores da agremiação ainda sem nome: Antonio Carlos Cortes, Ilmo da Silva, Oliveira Silveira e Vilmar Nunes. Um quinto de nome Luiz Paulo, assistiu mas não quis fazer parte do trabalho. A idéia era um grupo cultural com espaços para estudos e artes, notadamente literatura e teatro. Afinal estavam bem presentes e atuantes os exemplos do Teatro Experimental do Negro, o TEN, e da militância de Abdias do Nascimento, exemplo do poéta Solano Trindade e do Teatro Popular Brasileiro. Era preciso conhecer mais a história, debater as questões raciais, sociais. Vinham do exteriorinstigações como socialismo versus capitalismo, negritude, independências africanas e movimentos negros estadunidenses. A reunião foi por volta de 20/07/1971 (e adotou-se esta como data inicial do grupo).

Já na próxima ou em alguma das reuniões seguintes, ingressou Nara Helena Medeiros Soares (falecida) e dois ou três meses adiante Anita Leocádia Prestes Abdad, ambas consideradas também fundadoras.

O local da primeira reunião foi a casa situada no número 303 da rua Tomás Flores, bairro Bom Fim. Era uma casa de professores: José Maria Vianna Rodrigues (falecido no ano anterior), Maria aracy dos Santos Rodrigues, Julieta Maria Rodrigues, Oliveira Silveira, a menina Naiara Rodrigues Silveira, futura docente, e a senhora Jovelina Godoy Santana, sem esse título mas guardiã de lições de vida (longa). Ali haviam sido corroborados os estudos do Vinte de Novembro, e de Palmares, com a leitura do livro de Ernesto Ennes, num esquecido e mal folhado exemplar cedido ainda em vida pelo professor josé Maria. Lembrado e retomado em momento oportuno, o volume passou a ser devidamente conhecido como valioso.

A segunda reunião e algumas das seguintes, foram em casa de Antônio Carlos Cortes e seus familiars, no prédio da Loteria estadual sito à Rua da Praia quase esquina com a José Manoel. Foi onde e quando o trabalho nascente recebeu o nome de Grupo Palmares.

A denominação Grupo Palmares nasceu do conjunto de participantes da segunda reunião devido as considerações de que Palmares parecia ser a passagem mais marcante da história do negro no Brasilao representar quase um século de luta e liberdade conquistada e sendo também um contraponto à "liberdade" doada no dia 13 de maio de 1888, etc. Outras propostas de nome praticamente não tiveram espaço.

Ao expor brevemente essas considerações já compartilhadas desde as reuniões informais do ponto da Rua da Praia, o componente que vinha estudando Palmares e tentando uma vista d'olhos sobre a história (Oliveira Silveira) - estudos impulsionados por aqueles encontros e diálogos - sugeriu a adoção e evocação do dia 20 de novembro, morte heróica de Zumbi e final de Palmares, justificando:

*não se sabia dia e mês em que começaram as fugas para os Palmares (lá por 1595);

*não havia data do nascimento de Zumbi ou outras do tipo marco inicial;

*Tiaradentes também era homenageado na data de morte, 21 de abril;

*A homenagem a Palmares em 20 de novembro foi incluida no grupo na programação elaborada para aquele ano e foi pocedida por duas outras - a Luiz Gama em setembro e a José do Patrocínio em outubro.

Primeiro vinte

A homenagem a Palmares ocorreu no dia 20 de novembro de 1971, um sábado à noite, no Clube Náutico Marcílio Dias, sociedade negra sita à avenida Praia de Belas nº 2300, bairro Menino Deus, em Porto Alegre. O Marcílio, fundado em 4/7/1949, foi um importante espaço físico, social e cultural perdido nos anos 80. público reduzido, conforme o esperado, mas considerado satisfatório.

"Zumbi, a homenagem dos negros do teatro" foi título da Folha da Tarde para a nota publicada no dia 17. E nessa época de ditadura, em que os militares eram chamados de gorilas, o teatro era muito visado. O grupo foi chamado à sede da Polícia Federal para, através de um de seus integrantes, apresentar a programação do ato e obter liberação da censura no dia 18.

A homenagem a Palmares em 20 de novembro de 1971 foi o primeiro ato evocativo dessa data que, sete anos mais tarde, passaria a ser referida como dia nacional da consciência negra.

Virada histórica e construção

A partir de meados de 1972 a formação do grupo contava com Antonia Mariza Carolino, Helena Vitória dos Santos Machado e Marli Carolino, além de Anita e Oliveira. Um dos principais locais de reunião passou a ser o bar da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a UFRGS, que na época era URGS. Anita Leocádia Prestes Abad, que em 1973 já não estava mais no grupo. Helena Vitória dos Santos Machado e, a partir de 1976, Marisa Souza da Silva foram integrantes cuja participação contribuiu decisivamente para o ajuste do trabalho ao contexto das lutas sociais.

Uma cronologia pode demonstrar o esforço continuado, marcando o Vinte de Novembro,ano a ano até a sua total implantação no país.

1971 - Primeiro ato evocativo do Vinte de Novembro, a homenagem a Palmares em 20/11 no clube Náutico Marcílio Dias.

1972 – Sete páginas dedicadas a Palmares na revista ZH o jornal Zero Hora em 19/11. Histórico de Palmares, depoimento do grupo, redigido por Helena Vitória dos Santos Machado, poema de Solano Trindade com ilustração de Trindade Leal, um conto, capa e ilustração da artista plástica negra Magliani (Maria Lídia), além da ilustração de Batsow, imagens aproveitadas do fascículo Zumbi da Editora Abril e fotos. Material organizado e redigido pelo componente Oliveira e Editado por Juarez Fonseca, do Zero Hora.

1973 – de 6 a 20/11, exposição “três pintores negros” (Magliani J. Altair Paulo Chimendes), palestra de Décio Freitas e o espetáculo “Do carnaval ao quilombo” ( música e texto.

Local: Teatro de Câmara. Em treze de maio fora publicada no jornal do Brasil uma entrevista concedida pelo grupo Palmares. Segundo informações, uma síntese de matéria apareceu no jornal francês Lê Monde. Nesse e noutros anos, televisão e rádio ajudaram na difusão da proposta.

1974 – Divulgação de manifesto através do jornal do Brasil, em matéria assinada por Alexandre Garcia (repórter também na entrevista de 13/5/73). No texto, breve histórico de Palmares “e outros movimentos negros”e indicação de bibliografia. Maria Beatriz Nascimento (2002, p.48), atenta registrou.

1975 - Encontro do grupo Palmares e grupo Afro-Sul, de música e dança, no Clube de Cultura, associação judaica. A seguir em 10 e 16 de dezembro, foram realizadas em parceria com o clube duas palestras e Décio Freitas.

1976 – Lançamento do livreto “Mini-história do negro brasileiro”, na sociedade negra Nós os Democratas. Da tentativa de reformulação surgiu posteriormente “História do negro brasileiro:uma síntese”, um outro livreto editado pela prefeitura de Porto alegre, através da SMEC, em 1986, assinado por Anita Abade outros. Nesse ano em novembro, semanas do negro em Campinas-SP com o grupo Teatro Evolução e em São Paulo com o Cecan e o Cebac. No Rio de Janeiro, conferir ações do IPCN, por exemplo, entidade nova já atenta ao Vinte de Novembro.

Meses antes em 1976, o grupo Palmares recebeu a visita de Orlando Fernandes, vice presidente do IPCN, e Carlos Alberto Medeiros, vice-presidente de relações públicas. O vinte ganhava adesões.

1977 – Ato de Associação Satélite-Prontidão, sociedade negra, com exposição da minibiblioteca do Grupo Palmares e a presença do escritor negro paulista Oswaldo de Camargo, convidado especial. O grupo Nosso Teatro, depois Grupo Cultural Razão Negra, fez apresentação demonstrativa (não a caráter) de sua montagem para a dramatização de “Esperando o embaixador“, conto de Oswaldo.

Além de assinalar o Vinte de Novembro, o Grupo Palmares realizou outra atividades como visita, estudo e divulgação da Congada de Osório-RS em 1973, aproximação com sociedades negras (clubes) mural na sociedade 508 Nós os Democratas, interação e intercâmbio com outros grupos ou entidades... Motivado pelo exemplo de Porto Alegre foi criado em 4/8/1974 em Rosário do Sul – RS, o grupo Unionista Palmares – data de registro para a fundação ocorrida em 21/7. A partir de 20/11/2001º nome mudou para Grupo Palmares de Rosário do Sul.

A primeira fase do Grupo Palmares de Porto Alegre, encerrou em 3 de agosto de 1978. Viriam outras duas, mais adiante. Mas o Vinte de Novembro já estava implantado no país, já estava estabelecida a virada histórica e construído ao longo de sete anos um novo referencial para o povo negro e sua luta. Para o indivíduo negro, o homem ou mulher, sua auto-estima, sua identidade. Criança ou adulto. Novo referencial para o Brasil,com atenções até no exterior, verificadas mais tarde.

E o Vinte de Novembro logo receberia a adesão importante do MNUCDR com a denominação Dia Nacional da Consciência Negra. Receberia , na figura do rei e herói o Festival Comunitário Negro Zumbi (Feconezu), para cidades do Estado de São Paulo. E estava, através da imagem de Zumbi ou explicitamente, como data negra, no Grupo Tição (1977-1980), de Porto Alegre, em sua revista nº 1, de março de 1978; na seção afro-latina-América do jornal ou revista Versus em outubro de 1978, São Paulo; na literatura negra, em “Cadernos Negros” nº 1, São Paulo, o primeiro de uma grande série e com versos de Cuti, Eduardo de Oliveira e Jamu Minka falando em Zumbi, em Ele Semong e José Carlos Limeira juntos em “O arco-íris negro”, no Rio em 1978, ou em Abelardo Rodrigues de “Memória da noite”, no mesmo ano em São Paulo. O Vinte de Novembro e seu espírito já estavam muito bem incorporados à vida e à luta.

O espírito do Vinte

O historiador negro mineiro Marcos Antônio Cardoso (2002, p.47, 48, 66, 67) faz justiça ao Grupo Palmares e sua iniciativa de marcar o Vinte de Novembro, destacando a atuação do grupo no conjunto de ações do movimento negro ,objeto de sua preciosa disertação.

O grupo Palmares primou sempre por um detalhe: ser formado exclusivamente por negros. Com isso, a iniciativa, as idéias e a prática do Vinte se constituem em criação inequivocadamente negra, emergindo da própria comunidade negra e seguindo caminhos próprios, com suas próprias forças e fragilidades . A nominata consagra a importância do individual na composição de um grupo.

Grupo Palmares – Porto Alegre,Rio Grande do Sul, Brasil

Fases:1971ª 1978; GT Palmares do MNU e autônoma novamente, ambas na ´cada de 80. A partir de 1988 ou 1989 dilui-se em ramificações.

Iniciadores – Antonio Carlos Cortes,Ilmo da silva, Oliveira Silveira, Vilmar Nunes, Anita Leocádia Prestes Abad e Nara Helena Medeiros Soares.

Em novas formações – Antônia Mariza Carolino, Gilberto Alves Ramos, Helena Vitória dos Santos Machado, Margarida Maria Martimiano, Marisa Souza da Silva e Marli Carolino.

Registre-se ainda a passagem, pelo grupo, de Irene Santos, Leni Souza, Luiz Augusto, Luiz Carlos Ribeiro, Maria Conceição Lopes Fontoura, Otalício Rodrigues dos Santos, Rui Rodrigues Moraes e Vera Daisy Barcelos. Na segunda fase (GT Palmares MNU), Cees Santos. Na terceira (Autônoma, pós MNU ), Hilton Machado. Estiveram ligados de alguma formaao trabalho Luiz Mário Tavares da Rosa e Maria da Graça Lopes Fontoura , além de um grupo de estudantes de ensino médio, entre os quais Eliane Silva (Nany) e Aírton Duarte. O grupo Palmares contou, paralelamente, com o apoio de um cpirculo de colaboradores e simpatizantes negros. Aliados, em outro segmentos étnico-raciais, emprestaram também seu apoio, ocasionalmente.

O Grupo Palmares sempre valorizou e destacou Zumbi como herói nacional que é, mas preferiusempre centrar a evocação no coletivo: 20 de novembro - Palmares, o momento maior (slogan em cartaz e convite em 1973). Ou então: a homenagem a Palmares em 20 de novembro, dia da morte heróica de Zumbi. Afinal o Estado Negro foi uma criação coletiva da negrada.

O espírito do Vinte é negro, popular e se aninha junto à família negra: homem negro, mulher negra, criança negra. Continuidade étnico-racial com identidade cultural negra e poder político. Conjugadamente. Uma fórmula, três pricípios. No espírito do Vinte. Ou raça, cultura, poder - em três palavras.

Surgindo numa época em que eram internacionais as influências - da negritude antilhano-africana, das independências na África, do socialismo europeu e dos movimentos negros estadunidenses - o Vinte de Novembro, com todo seu potencial aglutinador, era e continua sendo motivação bem nacional. Afro-brasileira. Negra. Natural, portanto, que em seus 35 anos esteja contemplado numa agenda nacional montada sob liderança da ministra Matilde Ribeiro e coordenada pela Seppir, essa grande experiência, inédita e fecunda. Modelar, inspirando adoção de organismos similares em outros países com peculiariade local e criatividade própria de cada um deles. Mais: conduzindo internamente um processo importante, necessário e, por vocação, irreversível.Sinal de que a luta valeu e vale a pena. Sinal de que negros e negras, com adesão de aliados e aliadas construímos e vivemos simtempos novos e promissores no Brasil.

Referências bibliográficas

CARDOSO, Marcos Antônio. O movimento negro em Belo Horizonte : 1978 - 1998. Belo Horizonte: Mazza, Ed; 2002. 240 p.

SILVEIRA, Oliveira. Vinte de Novembro: história e conteúdo, , in SILVA, Ptronilha Beatriz Gonçalves e;

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Fonte http://mnudf.blogspot.com.br/2009/10/origens-do-vinte-de-novembro.html

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