Numa homenagem à Tereza Santos uma entrevista de 1985
Teresa Santos foi do PCB,do Teatro Experimental do Negro do RJ e SP,fundadora do Centro de Cultura e Arte Negra –CECAN e,em plena ditadura,encenou com Eduardo Oliveira e Oliveira a peça “E agora falamos nós”no MASP. Perseguida pela ditadura,ao invés de se exilar na Europa ou no Chile,foi para a África e participou,como guerrilheira,do movimento de libertação de Guiné-Bissau e Angola. Mulher negra, revolucionária,de história ímpar e seu livro é testemunho de um capítulo que a direita negra quer borrar:a relação histórica entre setores do movimento negro e a esquerda revolucionária.
(Memórias (livro)
Local: São Paulo
Enugbarijô registrou entrevistas históricas em São Paulo no ano de 1985. Na oportunidade, Ras Adauto, Vik e Amauri Pereira entrevistaram personagens importantes da cultura negra brasileira, entre elas os membros da Frente Negra Brasileira e a militante Tereza Santos.
Tereza Santos é uma mulher negra, nascida no Rio de Janeiro em 7 de julho de 1930, antiga militante do Partido Comunista, teatróloga, atriz, professora, filósofa, carnavalesca e militante pelas causas dos povos africanos da diáspora e do continente e, principalmente, dos afro-brasileiros com autora da peça "E agora falamos nós" em conjunto o sociólogo Eduardo de Oliveira e Oliveira, autoras de diversos artigos sobre cultura e a mulher, Assessora de Cultura Afro-Brasileira da Secretaria de Estado da Cultura do Estado de São Paulo 1986-2002.
Em 1984, o governo de São Paulo criou o Conselho Estadual da Condição Feminina. Alertado pelo programa da radialista negra Marta Arruda de que não havia negras entre as 32 conselheiras convocadas, o conselho convidou Tereza Santos, que militava no movimento negro ao lado de Sueli Carneiro, teórica da questão da mulher negra. Na gestão seguinte, foi a vez de Sueli fazer parte do conselho.
Estudiosa dos temas raciais e de gênero, ela viveu por cinco anos no Continente Africano, contribuindo para a reconstrução cultural de Angola, Cabo Verde e Guiné Bissau.
Comemorado como Dia Internacional da Mulher, o 8 de março foi instituído pelas Nações Unidas no ano de 1975. Naquele dia do ano de 1857, as operárias têxteis de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução da carga horária de trabalho de mais de 16 horas por dia para 10 horas e equiparação salarial com os homens que desempenhavam igual função. As operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas no local pelos patrões, que trancaram as portas da fábrica, ateando fogo no local e 129 mulheres morreram queimadas e asfixiadas. Em 1910, na II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, em Copenhague, Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, a comemoração do 8 de março como "Dia Internacional da Mulher". A data marca a luta das mulheres pela igualdade de direitos. O século passado foi marcado pela luta pelos direitos das mulheres negras e não-negras, negros e demais segmentos discriminados na sociedade.
Em nosso país, a luta das mulheres negras ainda é grande. A mulher negra compõe a maior categoria de trabalhadoras da nação, a das domésticas, sendo discriminada, explorada e submetida a uma exaustiva jornada de trabalho. É oprimida, inclusive, por outras mulheres, ou seja pelo mesmo gênero, quando esta é a empregadora e, muitas vezes, ao invés de ser solidária, desrespeita direitos, descumprindo-os. As mulheres negras da zona rural, cuja maioria vive em comunidades negras rurais quilombolas, no Maranhão, sofrem com a falta de condições mínimas de sobrevivência.
As Convenções contra todas as formas de discriminação sejam da mulher ou étnico-racial, adotadas pelo Brasil, ainda estão longe de serem cumpridas. Perdemos neste ano, uma companheira solidária à luta das mulheres negras, incansável na luta pelos direitos das mulheres, a Profª. Ieda Batista. Rendemos a ela a nossa homenagem. Nossa luta continua e a vitória é certa.
Há um longo caminho a se percorrer em busca de respeito, dignidade, valorização profissional da mulher negra, que continua sendo o esteio familiar. Sequeremos uma sociedade realmente justa, devemos lutar:
- Pelo fim da discriminação racial no trabalho
- Contra a exploração sexual, social e econômica da mulher negra
- Por condições de vida digna para o povo negro.
Conscientize-se e Reaja à Violência Racial! Não silencie frente à violência e opressão!
Viva Lélia Gonzalez, Maria Firmina dos Reis, Mãe Andresa, Maria Aragão, Silvia Cantanhede, Ieda Batista, guerreiras que abriram o caminho para nossa luta! (Comissão de Mulheres do MNU)