domingo, 10 de março de 2013

Zulmira Cardoso um símbolo de luta no Brasil

JustiapelaZulmira

Na comemoração do aniversário, Zulmira foi arrumar o cabelo. Passando na Rua no Brás em São Paulo tomou um tiro, mais conterrâneos seus foram atingidos dois rapazes ( Gaspar Armando Mateus e Renovaldo Manoel Capenda) e uma moça grávida (Celina Bento Mendonça). Zulmira morreu com um tiro na testa.

Não conheci Zulmira de Souza Borges Cardoso, mas me emocionei com a sua história, vi a comoção da família com sua tragédia. Vi no YouTube no “Jornal Nacional de Angola” a emoção dos amigos, parentes e o povo de Angola sem entenderem o que ocorre no Brasil, o racismo e a violência. Uma declaração de um estudante angolano: “Aprendi o que era o racismo, quando desci no Aeroporto de Cumbica”.

O triste assassinato de Zulmira Cardoso, e impunidade do assassino, nos remetem à criação do Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial em 1978. Na época a morte do jovem Robson Silveira da Luz, mobilizou São Paulo para protestar nas escadarias do Teatro Municipal. De 1978 à 2012 a violência , o racismo, e a impunidade continuam...

Na época (2012) eu era professor voluntário na Educafro, entidade voltada para a educação de afrodescendentes e pobres, logo uma amiga via Face Book me questionou: “O que vamos fazer?” Respondi prontamente: “Juntar os núcleos, com eles teremos voz.” Foi o que ocorreu eu e essa amiga, da Educafro (não cito o nome, para não expô-la) contatamos vários núcleos. Logo a indignação tornou-se a voz dos participantes da entidade, foram conversar com o presidente da entidade Frei Davi Santos, e como os colegas e amigos de Zulmira Cardoso, participavam das ações educacionais, contatos foram feitos.

 

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Dr. Hédio Silva, Ester Judite, Frei David após a ida do corpo de Zulmira para Angola.

Quando o corpo de Zulmira foi para o Aeroporto, lá além dos estudantes angolanos amigos de Zulmira, representantes do Consulado de Angola, estudantes brasileiros da Educafro disseram adeus. Significativo foi à presença do Dr. Hédio da Silva, advogado que há pouco fizera um brilhante discurso no Supremo Tribunal Federal quando às cotas nas universidades foram consideradas constitucionais. O Dr. Hédio Silva advogado e antigo militante desde estudante, é um brilhante profissional contratado pela Embaixada de Angola no Brasil, e pela família de Zulmira Cardoso para acompanhar o caso.

Foi marcado para homenagear Zulmira no sétimo dia, um ato plurirreligioso com católicos, protestantes, povo do santo, com a presença de diversos setores da sociedade civil políticos e militantes. Uma união natural de indignação.

No dia além da dor, uma inquietude com o pouco caso que se tomava com a morte de uma estudante africana, morta por puro racismo.

Depois do ato as falas, de estudantes, e da sociedade civil, o que “parecia um ilha, mostrou-se um continente...”

O s vários casos de xenofobismos dirigidos à africanos e haitianos no Brasil. Um cabo verdiano em Fortaleza, um jovem guineense em Cuiabá, um nigeriano no interior do Rio Grande do Sul, humilhações de estudantes africanos no Maranhão e na UNESP em São Paulo.E o mais grave a enorme quantidade de jovens negros brasileiros mortos e suas morte silenciadas.

 

Reunião Zulmira 191

Num depoimento emocionante Celso Franciso Soares coordenador do Núcleo Educafro de Cidade Ademar nomeou os nomes dos desaparecidos.

Em tudo uma grande emoção, o ato plurirreligioso consolava a alma, mas restava a indignação da injustiça cometida.

Um grito foi lançado do fundo do coração, rasgando a garganta. Um pergunta repetida por todos:

JUSTIÇA! Quando? JÁ!

Nascia a Mobilização ZULMIRA SOMOS NÓS!

Passado quase um ano, o suspeito apresentado como o assassino é considerado inocente. O culpado é desconhecido.

“ESTAMOS EXAGERANDO?” é o padrão “pergunta-resposta” para tudo…

 

Bandeira Brasu Angola

Hugo Ferreira

Fotos Jô Muniz e Hugo Ferreira

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