Mãe Stella lança na ALB livro sobre a sabedoria do destino
Quando alguém é iniciado no candomblé, além de ganhar um novo nome, também fica sabendo o nome do seu orixá e o seu destino (odu). A sabedoria sobre o que a vida reserva a cada um e a melhor forma de os seres humanos conduzirem-se é o assunto que Mãe Stella de Oxóssi, 88, trata em seu novo livro lançado na Academia de Letras da Bahia (ALB).
Mãe Stella quer, com o livro, preservar o saber oral e evitar distorções na essência da religião
Ofún, dedicado ao odu de Oxalá, foi lançado nesta quarta-feira, 18, às 18 horas, na Academia de Letras da Bahia (ALB), e inaugura a Coleção Odu Àdajó (Coleção de Destinos). Cada um dos 16 volumes vai contemplar um odu, tal como são representados no oráculo de Ifá, transposto para o Brasil como Jogo de Búzios.
A ialorixá do Ilê Axé Opô Afonja e imortal da ALB, que tomou posse em 12 de setembro deste ano, aprofunda seu conhecimento sobre o oráculo desde que foi iniciada, aos 14 anos.
Ela conta no prefácio que, assim como Bida de Iemanjá, numa época em que este saber era transmitido apenas oralmente pedia que ela anotasse as orientações, ela própria pediu que uma filha de Iemanjá do Opô Afonjá, Graziela Domini, recolhesse e organizasse o conhecimento que acumulou.
Assim, o livro preserva a energia da tradição oral, com informações de Mãe Stella, e a sistematização da tradição escrita, a cargo de Graziela.
"Optei por fazer uso da tradição escrita para, respeitosamente, oferecer a riqueza da filosofia yorubá, que nos foi transmitida pela tradição oral (ìpita), sem, no entanto, expor fundamentos que não são de interesse de todos", escreve Mãe Stella.
A ialorixá também enfatiza que as informações que dissemina dizem respeito à prática no Opô Afonjá, com objetivo de preservar a tradição, na modernidade, de "deturpações na essência da religião milenar".
Graziela explica a complexidade que envolve os odus: "É o caminho que a gente deve seguir e que coisas deve fazer para que esse caminho seja o melhor possível, para ter uma longa vida e cumprir a missão que tem na terra".
O odu, de acordo com a filha de Iemanjá, também vai revelar o seu gênero, em que ponto cardeal as oferendas devem ser depositadas, quais são os seus mitos e dizer quais os orixás que falam neste odu. Além disso, identificam elementos relacionados do reino mineral, vegetal, entre outras particularidades.
Na introdução, as autoras explicam a magnitude do odu Ofún Méjè: "Öfun Méjì é o odu da unidade e, por isto, tem como instrumento a Cabaça-da-Existência, correspondente ao Ovo Cósmico de outras tradições, que comporta tudo o que foi ou que há de ser criado através do movimento dos diversos pares de opostos".
Fonte: Portal A Tarde