Aos 50 anos de carreira, Zózimo Bulbul usa seu trabalho para lutar contra preconceitos
Rio - São 75 anos de idade e 50 de carreira. Seja no cinema ou no teatro, uma estrada marcada pela luta contra o preconceito. Para Zózimo Bulbul, estrela da TV nos anos 60, a batalha continua. Curador de duas mostras que abrem espaço para a produção cultural africana nesta semana da Consciência Negra, o ator e cineasta alerta que a situação dos afrodescendentes no Brasil pouco mudou em meio século.
Cineasta afirma que, em meio século, poucas foram as mudanças para os negros | Foto: Divulgação
“Mudou o quê? Precisa mudar mais. Para de Pelé, Zumbi dos Palmares. Têm muitos outros homens e mulheres afrodescendentes pensando, querendo dialogar com essa inteligência colonizadora que está estagnada há mais de 500 anos. É preciso uma integração racial/social, se é que esse País pensa em sair dessa miséria atávica e lutar por uma posição mais digna para o seu povo”, opina ele, que foi o primeiro protagonista negro em novelas brasileiras — ‘Vidas Em Conflito’, de 1969.
Para alimentar o debate em torno do tema, Zózimo faz a curadoria do 6º ‘Encontro de Cinema Negro Brasil África e Caribe’, que começa amanhã. Mais de 40 obras brasileiras e africanas serão exibidas no Cinema Odeon, Centro Cultural da Justiça Federal e Oi Futuro de Ipanema. Também haverá sessões ao ar livre no Cais do Valongo e na Pedra do Sal, na Gamboa.
Paralelamente, ele coordena um circuito com fotografias, imagens cinematográficas, grafite, artes cênicas e gastronomia. É o projeto ‘Herança Africana — Intervenções Urbanas No Caminho Do Porto’, realizado em 8 lugares da Zona Portuária. A programação completa dos dois eventos está no site www.afrocariocadecinema.org.br.
“Todos nós gostaríamos de ter feito ou estar fazendo muito mais cinema, teatro, dança, música... Mas isso não é corrigido desde 1.500. Enquanto continuarmos a ter ojeriza da África neste País, o povo brasileiro nunca vai ter seu lugar”, afirma Zózimo, que tem planos para o futuro: quer dirigir uma peça escrita por Joel Rufino e, além disso, levar ao cinema uma história que englobe África, América Latina e Caribe.
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