quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Onde no Brasil, branco se pinta de negro

No Brasil também se pinta branco de negro

Na recente polêmica da Revista francesa Numéro escolheu a modelo Ondria Hardin, de 16 anos apresentando-a ao natural loira e de olhos azuis, para em seguida encarnar uma mulher negra.Modelo de pele clara é pintada para encarnar rainha africana em ensaio

 

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Modelo americana loira e de pele clara é pintada para encarnar uma rainha africana na edição de março da revista Numéro, numa polêmica com o editorial africano com roupas coloridas e o jeito étnico.

 

Em 1969, a emissora Rede Globo agiu de forma similar quando utilizou como protagonista da novela “A Cabana do Pai Tomás” um homem branco (o ator Sérgio Cardoso) que também era pintado de preto. O caso provocou polêmica pública sobre a questão racial na televisão brasileira. Era como se não existissem atores negros que pudessem fazer aquele personagem.

 

Entidades que defendem os direitos dos negros/as e telespectadores denunciaram a Rede Globo por racismo. A personagem Adelaide, interpretada pelo ator Rodrigo Sant’anna no programa humorístico Zorra Total, passa dos limites do humor e caracteriza racismo. A denuncia ocorreu porque diversas reclamações chegaram à Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial, órgão ligado à presidência da República, que notificou a 19ª Promotoria de Investigação Penal, no Rio de Janeiro, sobre o caso.

O personagem, apesar de fazer parte de um quadro humorístico, configura uma representação esteriotipada de uma mulher negra, na qual o ator pinta o rosto de preto.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A Rainha africana do Photoshop

Uma rainha africana com a pele pintada?

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Modelo de pele clara é pintada para encarnar rainha africana em ensaio

Modelo americana loira e de pele clara é pintada para encarnar uma rainha africana na edição de março da revista Numéro, numa polêmica com o editorial africano com roupas coloridas e o jeito étnico.

A revista francesa gerou controvérsia por usa uma modelo branca e loira e de olhos azuis, para fotos de uma rainha africana.

A revista Numéro escolheu a modelo Ondria Hardin, de 16 anos apresentando-a ao natural loira e de olhos azuis, para em seguida encarnar uma mulher negra.

Críticos dizem que se a revista queria uma rainha africana uma mulher negra, deveria simplesmente contratar uma modelo negra. Existem modelos negra belíssimas.

Um caso insultante, ainda mais quando trata-se de uma publicação que pretende homenagear a beleza africana com o título “Rainha Africana”. Soa bastante irónico.

A rainha negra do Photoshop

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Ondria Hardin (à esquerda), modelo loira e branca, foi a escolhida para o editorial inspirado na África. A top teve sua pele escurecida por photoshop para passar por negra nas imagens (à direita e abaixo)

A polêmica, gira em torno da escolha da modelo que não foi feliz. Ondria Hardin, loira e branca, teve sua pele pintada de negra para o editorial em questão, atitude que causou críticas fortes à revista, defendendo a presença de mais modelos negras no mundo da moda.

 

A revista recebe críticas pesadas pelos defensores de mais modelos negras no mundo da moda.

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“Exagero” como alegam sempre, quando surgem críticas?

Qual a sua opinião?

Fonte: http://es.astrology.yahoo.com/blogs/soy-fashion-victim/es-la-reina-africa-una-modelo-blanca-pintada-144814425.html

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Quem matou Zulmira Cardoso?

Quase um ano se passou da “tentativa de massacre no Brás”. No dia 22 de maio de 2012 ocorreu a morte de Zulmira Cardoso, no bairro do Brás, onde mais três estudantes angolanos foram atingidos por tiros. A motivação foi de cunho racista e torpe.

Ato Zulmira Páteo 346

Após várias manifestações em vários estados, conseguiu-se uma audiência com o Governador Geraldo Alckim e depois com o Secretário da Segurança da época. A Polícia de São Paulo apresentou uma pessoa alegando ser o assassino. Hoje solto por ser considerado inocente. O inquérito corre em segredo de Justiça e não há informações oficiais sobre as investigações.

"Não apareceu no New York Times, mas na “TV Al Jazeera”

Quem matou Zulmira Cardoso?

Quase um ano após o seu assassinato na chamada “Tentativa de Massacre do Brás”, onde quatro estudantes angolanos foram alvejados num ato racista e traiçoeiro no bairro de Brás, a história de Zulmira Cardoso e a busca por resposta surge novamente num documentário da TV Al Jazeera. Lançado em 130 países no dia 18 de fevereiro traz o rapper angolano Badharo no documentário Open Arms, Closed Doors” (Braços Abertos, Portas Fechadas).

Um texto do jornalista Leonardo Sacamoto faz a apresentação do documentário.

O que não está presente nesse documentário foi à luta e a pressão da Sociedade Brasileira. Entidades Civis, Entidades do Movimento Negro, Associações de Estudantes Angolanos e Africanos, Movimentos de Apoio e defesa de imigrantes, africanos, haitianos e sul americanos, políticos e personalidades.

Ficam as perguntas: Quem cometeu a “Tentativa de Massacre do Brás”?

Quem matou Zulmira Cardoso e assassina com seu silêncio todos os dias?

Justiça! Quando? Já?

http://zulmirasomosnos.blogspot.com.br/2013/02/bracos-abertos-portas-fechadas-brasil.html

Com um ato ecumênico na Educafro (organização educacional que tem participação de diversos estudantes angolanos) iniciou-se a uma frente composta de diversas entidades da sociedade civil, entidades do movimento negro, entidades de estudantes africanos, representantes de diversas religiões, personalidades e políticos chamada de “Mobilização Zulmira Somos Nós”.

Várias reuniões ocorreram na Câmara Municipal de São Paulo, com participação de mais de 100 entidades.

Para a surpresa de todos o que era um caso, mostrou ser um sintoma de rejeição de imigrantes africanos e haitiano. Nos casos relacionados viu o que “inicialmente parecia uma ilha, era na verdade um continente...”.

 

PARA ENTENDER OS CASOS CLIQUE NOS LINKS

Cabo Verdiano assassinado em Fortaleza

Guineense assassinado em Mato Grosso

Operação da PF em São Paulo faz arrastão de 700 pessoas

Incêndio criminoso na UnB na moradia de africanos

Africanos sofrem racismo da polícia em Porto Alegre

Ataques racistas na Unesp com a frase “Sem cotas para Animais da África”

Estudantes que sofrem racismo em sala de aula por parte dos professores

Durante as reuniões viu-se que os atos de racismo e violência apesar de terem ocorrido com africanos e haitianos, tinha um lado maior: o próprio racismo da sociedade brasileira voltada contra a população jovem negra e parda. Fatos esses constantemente apontados pelo “Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra e Periférica de São Paulo”. O Governo Federal lançou o “Programa Juventude Viva” para tentar solucionar.

Reportagens da TVT – vídeos:

1) Estudantes angolanos exigem desculpas do governo brasileiro e pedem investigações

2) Morte de angolana reacende polêmica sobre o racismo no Brasil

3) Imigrantes denunciam assassinatos e agressões em SP

Rádio Agência Notícias do Planalto:

Suspeito de matar estudante angolana é preso em São Paulo

Angolanos exigem desculpas de Dilma, por assassinato de estudante

Agência Brasil – EBC:

Africanos são assassinados no Brasil por motivos racistas, segundo organizações de direitos humanos

Imigrantes denunciam assassinatos e agressões em protestos contra racismo e xenofobia em SP

Site SPspress

Ato lembra morte de angolana em SP e cobra novas políticas para imigrantes

Portal Câmara Municipal de SP

Audiência pública debate morte de estudante angolana

Comissão cobra apuração de assassinato de angolana

Agência de Informação Multiétnica/Afropress

Polícia prende acusado pela morte da estudante angolana

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Entenda as mortes no Mali

A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) apelou, para o governo do Mali para que leve a julgamento os soldados malianos responsáveis por «execuções extrajudiciais» e pelo «desaparecimento forçado» de civis tuaregues, árabes e de populações peul, suspeitos de ligação aos rebeldes islamitas no norte do país.

 

Human Rights Watch pede julgamento de soldados responsáveis por “execuções extrajudiciais”

A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) apelou, esta quinta-feira (21-02-2013), ao governo do Mali para que leve a julgamento os soldados malianos responsáveis por «execuções extrajudiciais» e pelo «desaparecimento forçado» de civis tuaregues, árabes e de populações peul, suspeitos de ligação aos rebeldes islamitas no norte do país.
Em comunicado, a HRW diz que as autoridades malianas «devem instaurar rapidamente um inquérito e levar a tribunal os soldados responsáveis pelas torturas, execuções sumárias e pelo desaparecimento forçado de alegados rebeldes islamitas e dos seus supostos colaboradores».
«Os parceiros internacionais do Mali devem apoiar os esforços , visando fazer pagar os autores [dos crimes] e proteger os civis para evitar abusos similares», acrescenta o documento.

21-02-2013 Do Jornal A Bola

http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=384221

Bob Marley batendo uma bola no Brasil

Rio, 19/03/1980. Em pé: Junior Marvin, Toquinho e um penetra.

Agachados: Jacob Miller, Chico Buarque, Paulo César Caju e Bob Marley.

Amanhã, às 15h  dia 28 de julho de 2007, será disputada a final do futebol masculino nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, entre Equador e Jamaica. A inusitada presença do time caribenho na final me fez lembrar de uma histórica "pelada" ocorrida há 27 anos no mesmo Rio de Janeiro, com artistas brasileiros e o maior expoente da música jamaicana. Bob Marley, Junior Marvin (guitarrista dos Wailers), Jacob Miller (vocalista do Inner Circle), Chris Blackwell (diretor da Island Records) e sua esposa Nathalie Blackwell vieram ao Brasil em em março de 1980, num jato particular, para participar da festa que inaugurou as atividades do selo alemão Ariola no país.
A Island, gravadora original dos Wailers, era então um selo da Ariola. Bob interrompeu as sessões de gravação que resultariam no álbum Uprising para vir ao Brasil. Na descida em Manaus, para reabastecimento, o jato ficou retido por algumas horas. O governo militar certamente não estava vendo com bons olhos.


Depois de alguma negociação as autoridades acabaram cedendo, mas sem libera rvistos de trabalho, o que desestimulou os que pensaram em improvisar uma apresentação deles em solo brasileiro. Passaram por Brasília e rapidamente decolaram em direção ao Rio de Janeiro, chegando aeroporto Santos Dumont às 18h30m do dia 18 de março, terça-feira.
No dia seguinte, o trio jamaicano chegou às 16h no km 18 da Avenida Sernambetiba (três horas atrasados), num campinho onde o time dos funcionários da Ariola jogavam contra alguns dos contratados da gravadora no Brasil, como Chico Buarque, Toquinho, Alceu Valença e outros. Logo que eles chegaram os times foram rapidamente rearrumados e ficaram assim: Bob Marley, Junior Marvin, Paulo César Caju, Toquinho, Chico e Jacob Miller de um lado (foto maior); e do outro Alceu Valença, Chicão (músico da banda de Jorge Ben) e mais quatro funcionários da gravadora.
Antes de começar o jogo Bob ganhou uma camisa 10 do Santos e sorriu, dizendo "Pelé". Em seguida, avisou que jogava em qualquer posição. Mas foi mesmo para o ataque e o placar foi de 3 a 0 para o seu time, com gols dele (documentado pela TV), de Chico Buarque e de Paulo César.
Caju, que jogou a Copa de 70, foi o mais festejado por Bob, que lhe disse: "Sou fã de seu futebol". Paulo César devolveu: "E eu, de sua música". Bob lembrou o campeonato mundial que marcou a ilha do reggae: ''Rivelino, Jairzinho, Pelé... o Brasil é o meu time. A Jamaica gosta de futebol por causa do Brasil".
Os jamaicanos deixaram o Brasil no dia seguinte, 20 de março de 1980. Três dias depois, o músico estava jogando futebol no campo da Tuff Gong, em Kingston, quando um amigo chegou informando que Jacob Miller tinha acabado de falecer em um acidente de carro. Marley morreria de câncer em maio de 1981, aos 36 anos.

http://www.futepoca.com.br/2007/07/o-dia-em-que-bob-marley-jogou-bola-no.html
(Com informações do site Central Reggae)

Tempo de Glória (Glory) trailer

Liberdade conquista-se com luta

 

 

A emocionante história do primeiro regimento negro em luta pelo Norte na Guerra Civil, Tempo de Glória é estrelado por Matthew Broderick, Denzel Washington, Cary Elwes e Morgan Freeman. Broderick e Elwes são jovens idealistas que lideram o regimento; Freeman é o inspirado sargento que une as tropas e Denzel Whashington, numa atuação que lhe rendeu um Oscar (Melhor Ator Coadjuvante em 1989), é o escravo fugitivo que representa o espírito indomável do 54. Regimento de Massachusetts.

 

Informações Técnicas
Título no Brasil:  Tempo de Glória
Título Original:  Glory
País de Origem:  EUA
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 117 minutos
Ano de Lançamento:  1989
Site Oficial:
Estúdio/Distrib.:  Sony Pictures
Direção: Edward Zwick

Matthew Broderick ... Col. Robert Gould Shaw
Denzel Washington ... Pvt. Trip
Cary Elwes ... Maj. Cabot Forbes
Morgan Freeman ... Sgt. Maj. John Rawlins
Jihmi Kennedy ... Pvt. Jupiter Sharts
Andre Braugher ... Cpl. Thomas Searles
John Finn ... Sgt. Maj. Mulcahy
Donovan Leitch ... Capt. Charles Fessenden Morse
JD Cullum ... Henry Sturgis Russell
Alan North ... Gov. John Albion Andrew
Bob Gunton ... Gen. Charles Garrison Harker
Cliff De Young ... Col. James M. Montgomery
Christian Baskous ... Edward L. Pierce
RonReaco Lee ... Mute drummer boy
Jay O. Sanders ... Gen. George Crockett Strong
Richard Riehle ... Kendric, quatermaster
Daniel Jenkins ... 'A' Co. officer
Michael Smith Guess ... 'A' Co. soldier
Abdul Salaam El Razzac ... 'A' Co. soldier
Peter Michael Goetz ... Francis George Shaw
Pete Munro ... Surgeon
Benji Wilhoite ... soldier at Antietam
Ethan Phillips ... Hospital steward
Mark A. Levy ... Bigoted soldier
Randell Haynes ... Haggis, paymaster
Afemo Omilami ... Tall contraband
Keith Noble ... Short contraband
Dan Biggers ... Minister
Marc Gowan ... Dr. William B. Rogers
Raymond Godshall Jr. ... Dr. Charles G. Thorpe
Bob Minor ... Contraband soldier in Darien
Joan Riordan ... White woman
Saundra Dunson-Franks ... Black woman
Mark A. Jones ... 54th Massachusetts soldier
Peter Grandfield ... 10th Connecticut soldier
Mark Margolis ... 10th Connecticut soldier
Paul Desmond ... 10th Connecticut soldier
Tom Barrington ... 10th Connecticut soldier
Michael Fowler ... 10th Connecticut soldier
Richard Wright ... 10th Connecticut soldier
The Boys Choir of Harlem ... Boys choir
Jane Alexander ... Sarah Blake Sturgis Shaw
Frank Blair ... Darian Farmer
Carla Brothers ... Charlotte Forten
Bill Chemerka ... Confederate Officer
Rachel Lea Grundfast ... Ellen Shaw
Kevin Hershberger ... Confederate Soldier
Kevin Jarre ... 10th Connecticut Soldier
Jay Lance ... Union Soldier
William Mathis ... Union Soldier
Bill Nunn
Larry Peterson ... Union Officer
Alejandro de Quesada ... Confederate / Union Soldier
Roger Ragland ... Cavalry Officer
Raymond St. Jacques ... Frederick Dougl

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Braços abertos, portas fechadas - Brasil

O racismo no Brasil pelo olhar de quem veio de fora

Uma olhar sobre a morte de Zulmira Cardoso, estudante angolana assassinada no Brás – São Paulo.

Justiça! Quando? Já…(?)

 

“Open Arms, Closed Doors” é um filme com um imigrante angolano que vive na favela da Maré, no Rio de Janeiro, e compõe rap para combater o preconceito sofrido diariamente. Pedi para as diretoras, as brasileiras Fernanda Polacow e Juliana Borges, um texto sobre a experiência de produzir o documentário, que estreia, nesta segunda (18), pela rede de TV Al Jazeera.

 

Vale a pena assistir e compartilhá-lo nas redes sociais. O resultado acaba funcionando como um espelho do que somos, mostrando que, não raro, agimos com o mesmo preconceito utilizado contra nós por alguns cidadãos e governos do centro do mundo.

 

O racismo no Brasil pelo olhar de quem veio de fora, por Fernanda Polacow e Juliana Borges*

Discutir o racismo na sociedade brasileira sempre é um assunto controverso. Para início de conversa, uma parcela significativa da nossa população insiste em dizer que este é um problema que não enfrentamos. Somos miscigenados, multirraciais, coloridos. Como um país assim pode ser racista?

Foi essa a pergunta que o angolano Badharó, protagonista do documentário “Open Arms, Closed Doors” (Braços Abertos, Portas Fechadas), que dirigimos para a rede de TV Al Jazeera e que será veiculado a partir de hoje em 130 países, se fez quando chegou ao Brasil em 1997 esperando encontrar o Rio de Janeiro que ele via nas novelas.

Badharó é um dos milhares de angolanos que vieram viver no Brasil. Depois de fugir da guerra civil no seu país de origem, escolheu aqui como novo lar – um país sem conflitos, alegre, aberto aos imigrantes e cuja barreira da língua já estava ultrapassada à partida. Foi parar no Complexo da Maré, onde está localizada a maior concentração de angolanos do Rio de Janeiro.

Para quem defende que o Brasil não é um país racista, vale ouvir o que ele, um imigrante negro, tem a dizer sobre a nossa sociedade. Badharó não nasceu aqui, não carrega nossos estigmas, não foi acostumado a viver num lugar em que muitos brancos escondem a bolsa na rua quando passam ao lado de um negro. Depois de 15 anos vivendo numa comunidade carioca, ele tem conhecimento de causa suficiente para afirmar: “O Brasil é um dos países mais racistas do mundo, mas o racismo é velado”. O documentário segue a rotina deste rapper de 35 anos e mostra o dia a dia de quem sofre na pele uma cascata de preconceitos, por ser pobre, negro e imigrante.

Além de levantar o tema do nosso racismo disfarçado, o documentário propõe, também, uma outra discussão: agora que estamos nos tornando um país alvo de imigrantes, será que estamos recebendo bem esses novos moradores?

Com a ascensão do Brasil como potência econômica e o declínio da Europa, principal destino de imigração dos africanos, nos tornamos um foco para quem não apenas procura uma situação melhor de vida, mas para quem procura uma melhor educação ou mesmo um bom posto de trabalho. São muitos os estudantes africanos de língua portuguesa que desembarcam no Brasil. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, Angola foi o quarto país do mundo que mais solicitou visto de estudantes no Brasil em 2012. Com esta nova safra de imigrantes, basta saber como vamos nos comportar.

Europeus e norte-americanos encontram nossas portas escancaradas e nossos melhores sorrisos quando aportam por aqui, mesmo que estejam vindo de países falidos e em situação irregular. No entanto, um estudante angolano com visto e com dinheiro no bolso, continua sofrendo preconceito. Foi este o caso da estudante Zulmira Cardoso, baleada e morta no Bairro do Brás, em São Paulo, no ano passado. Vítima de um ato racista, a estudante virou o mote de uma musica que Badharó compôs para que o crime não fique impune. Isto porque tanto as autoridades brasileiras quanto as angolanas não deram sequência nas apurações e o crime segue impune.

A tentativa de abafar qualquer problema de relacionamento entre as duas nações pode afetar as interessantes parceiras comercias que existem entre os dois governos. Para todos os efeitos, continuamos sendo ótimos anfitriões e estamos de braços abertos para quem quer aqui entrar.

Fonte do texto: Blog do Sakamoto

Video Internet

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Quem somos nós?

Quem somos nós? Misturas de incontáveis etnias, povos e costumes. Um olhar para quem volta à África Clipe do documentário "Pedra da Memória", dirigido por Renata Amaral, que por meio de projeto levou membros da Casa Fanti Ashanti, do Maranhão, para viagem por diversas cidades do Benin, em 2010.

A Mostra Pedra da Memória: exposição fotográfica, shows, documentário e debates foram apresentados no mês de novembro de 2012 no Ibirapuera e na Galeria Olido.

O projeto Pedra da Memória recebeu duas vezes o Prêmio Interações Estéticas da FUNARTE. Ao longo de dois anos foram realizados registros de mais de 30 comunidades de tradições musicais em 6 estados brasileiros e também na África.

A iniciativa levou ao Benin membros da Casa Fanti Ashanti, uma comunidade afro maranhense, liderados por Mestre Euclides Talabyan, um dos ícones de nossa cultura tradicional, registrando encontros e celebrações.

Dirigido pela musicista e pesquisadora Renata Amaral, a pesquisa reuniu mais de 300 horas de registros audiovisuais e 10 mil fotos no Brasil e no Benin, além de entrevistas e depoimentos fundamentais da memória destes mestres. O resultado do trabalho desenvolvido você pode conferir agora. Bom espetácul

Projeto Pedra Memória – diálogos Brasil e Benin

O projeto Pedra da Memória, que recebeu o Prêmio Interações Estéticas da FUNARTE/MinC, propõe uma investigação estética entre os gêneros tradicionais cultivados no Brasil e no Benin (África Ocidental), revelando seus vínculos e particularidades.

 

Trailer do documentário Pedra da Memória - YouTube

  O projeto promoveu um profundo diálogo entre a cultura dos dois países, ao levar a comunidades de culto vodum no Benin uma comitiva da Casa Fanti Ashanti. Ao longo de 5 semanas, Renata Amaral, o Babalorixá Euclides Talabyan, o antropólogo beninense radicado no Brasil Brice Sogbossi, a Yakekerê Isabel e um Ogan da comunidade maranhense visitaram as cidades de Cotonou, Abomey, Ketou, Porto Novo, Ouidah, Allada, Pobe e Sakete, realizando encontros e registros audiovisuais de diversas tradições como os Toques de vodum, Zangbeto, Egungun, cerimônias Geledés, música Kudo e as tradições dos Agudás, os afrobrasileiros do Benin, descendentes de ex escravos e trabalhadores do tráfico escravagista que retornaram ao Benin quando a escravidão foi abolida. Além do grande material registrado na viagem – cerca de 60 horas de vídeo, 20 de áudio multipistas e  dez mil fotos – e do acervo pessoal de quinze anos de pesquisas de Renata em diversos estados brasileiros, foram feitos ainda novos registros no Maranhão ao longo de seis meses de residência artística na Casa. A Casa Fanti Ashanti, fundada em 1958 pelo babalorixá Euclides Talabyan, é hoje um dos centros afro religiosos mais importantes em atividade no Maranhão, referência da influência jeje nagô no Brasil, e tema de estudos, teses e artigos de inúmeros pesquisadores em todo o país. Lá são cultuados os voduns trazidos do Benin, além dos orixás nagôs e diversas entidades surgidas no Brasil. Esta comunidade convive com símbolos, objetos, cânticos e rituais plenos de africanidade onde a cultura jeje nagô resiste com raro vigor. Tendo se tornado Ponto de Cultura em 2006, o intenso calendário de atividades da Casa inclui tradições sagradas e profanas como o Tambor de Mina, Candomblé, Pajelança, Baião de Princesas, Samba Angola, Mocambo, Tambor de Crioula, de Taboca, Canjerê, Bumba Boi, Festa do Divino e outros.

Renata Amaral, artista e pesquisadora, bacharel em Composição e Regência pela UNESP, realiza um amplo trabalho de criação de espetáculos, arte-educação e produção cultural, tendo produzido mais de 30 CDs e 10 documentários de cultura tradicional nos últimos 10 anos. Cultiva com a Casa Fanti Ashanti laços profundos de amizade e colaboração que já resultaram em diversos CDs e documentários da Casa, e o disco Baião de Princesas, parceria musical da Fanti Ashanti com seu grupo A Barca. Recebeu pelo segundo ano consecutivo o Prêmio Interações Estéticas da Funarte, sendo reconhecida como uma das principais expertises brasileiras em cultura tradicional.

Os escravos que saíam do porto de Ouidah (Benin) rumo ao novo mundo, eram levados antes à Árvore do Esquecimento, plantada pelo rei Agadja em 1727. Em torno desta árvore, os homens deveriam dar nove voltas, e as mulheres sete, para que se esquecessem de suas origens, sua identidade cultural, suas referências geográficas. Sabiam os mercadores de escravos que a memória é arma poderosa de resistência, ferramenta de identidade e instrumento de criação. Mnemósine, deusa grega que é a personificação da Memória, não por acaso é a mãe das Musas.

Os registros sobre as contribuições dos grupos iorubas e bantos são abundantes, no entanto, apesar de ter sido o Dahomé um dos principais portos de origem do enorme contingente de escravos trazidos ao Brasil, são menos numerosos os estudos sobre a cultura jeje, e especialmente sobre o enorme patrimônio cultural afro brasileiro existente no Benin. Estas relações e memórias se evidenciam também na cultura dos Agudás, que hoje representam 10% da população do Benin. A influência brasileira lá é surpreendente e pouco conhecida. Na época da abolição da escravatura, muitos escravos libertos, em geral pequenos comerciantes e artesões, voltaram do Brasil para o Benin, formando uma elite local que dominou o comércio e a construção civil do Dahomé (atual Benin) por toda a primeira metade do século XX. O Brasil está presente também na arquitetura, culinária, língua e outros aspectos culturais. Cultivando até hoje com impressionante dedicação as tradições de seus antepassados como o Carnaval, a Festa do Senhor do Bonfim e a Burrinha (aparentada ao bumba boi), os Agudás se consideram brasileiros, e invertem desconcertantemente nossa noção de ancestralidade.

Esta experiência transformadora resultou na mostra fotográfica e o documentário Pedra da Memória, que trazem um material inédito e precioso sobre as tradições populares brasileiras e beninenses, em uma aproximação poética e reveladora. Pedra da Memória quer fazer o caminho inverso da Árvore do Esquecimento, e fomentar os re-conhecimentos.

Texto:Marcelo Manzatti - http://www.famalia.com.br/?p=11547

Trailer do Documentário Pedra da Memória Youtube indicação de José Fernando Oliveira Moreira.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Augusto Malta

Veja as fotos de Augusto Malta, o fotógrafo que retratou a Rio de Janeiro da Belle Époque

Contratado pela prefeitura, Augusto Malta registrou a impressionante transformação da cidade numa metrópole sob os moldes europeus

Não se pode pensar em fotografias do "Rio Antigo" sem lembrar de Augusto Malta. A quantidade de imagens e o período fotografado são tão grandes que nos dão a impressão de que Augusto Malta poderia ter vivido uns duzentos anos.

Em 1900, o vendedor de tecidos Augusto César Malta de Campos recebeu uma proposta de um freguês: trocar sua bicicleta, que usava para levar amostras às casas das madames cariocas, por uma pequena máquina fotográfica. Embora parecesse maluca, a permuta mudou a vida do comerciante. Após três anos fotografando amigos, familiares e o cotidiano da cidade por conta própria, ele foi empregado como fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de Janeiro. Durante 33 anos, registrou as principais obras que modernizaram a capital e fizeram dela a vitrine brasileira da Belle Époque.
Augusto Malta nasceu em 1864, em Alagoas, e se mudou para o Rio em 1888. Trabalhou como auxiliar de escrita, foi promovido a contador e mais tarde abriu seu próprio armazém, que faliu pouco tempo depois. Em 1903, quando conseguiu se estabilizar como vendedor de tecidos - mesmo com a câmera no lugar da bicicleta -, foi levado por um amigo para registrar as primeiras obras do novo prefeito, Francisco Pereira Passos. Empolgado com o resultado, Passos criou um cargo exclusivo para Malta: ele deveria documentar o antes e o depois das obras públicas, bem como sua execução e inauguração, além de festas organizadas pela prefeitura e demais eventos que acontecessem na cidade.

Foto: MIS-RJ
As construções e reformas - como as avenidas Central (hoje Rio Branco), Beira-Mar, Passos, o Passeio Público, o prédio atual da Fundação Biblioteca Nacional, o Teatro Municipal - eram um grande projeto da prefeitura em conjunto com o governo federal para reurbanizar a capital e moldá-la como uma verdadeira metrópole europeia. "Malta registrou a transformação do espaço urbano do Rio. Era um período em que boa parte dos cortiços foi demolida, começaram a surgir as primeiras favelas, muita coisa mudou", afirma Regina da Luz Moreira, historiadora cuja dissertação de mestrado aborda o fotógrafo e a construção da memória da cidade. "Deve-se a Augusto Malta a mais importante documentação fotográfica do Rio de Janeiro das três primeiras décadas do século 20", diz Boris Kossoy no Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro. No verbete dedicado a ele, aliás, o autor sustenta que o piauiense aprendeu parte de seu ofício com ninguém menos que Marc Ferrez (1843-1928), um dos principais fotógrafos brasileiros de todos os tempos.
"Numa época em que a maioria dos fotógrafos trabalhava em estúdios ou fazia imagens um pouco artificiais do Rio, ele fotografava cenas sociais. Além das obras, havia o cotidiano da cidade, prostitutas, escritores, personalidades", afirma George Ermakoff, autor do livro Augusto Malta e o Rio de Janeiro - 1903-1936.

A praça XV de Novembro (antigo largo do Paço), no Centro do Rio, em 1906: mais de 600 prédios seriam destruidos para reformular toda a região desde o início (foto: Augusto Malta)
Malta atuou quase sempre sozinho, sem ajudantes. Além da função na prefeitura, ele fazia trabalhos particulares, editava cartões- postais e fazia registros sob encomenda de empresas como a Light. O fotógrafo assinava todos os negativos de vidro com tinta nanquim, de trás para a frente, e sempre colocava data, local e uma pequena legenda na imagem. Ele chegou a publicar um Álbum Geral do Brasil, com retratos inéditos de cidades brasileiras - ele clicou, além do Rio, municípios de Minas Gerais, Alagoas e São Paulo. O fotógrafo usava equipamentos ainda do fim do século 19, mas recorria a chapas de vidro de maior sensibilidade. "Isso fazia com que ele conseguisse colocar a câmera nas ruas, apesar de grande e com tripé, e captar aquele momento. A linguagem dele se beneficiou disso", diz o coordenador da área de fotografia do Instituto Moreira Salles, Sérgio Burgi. Embora não tenha trabalhado exatamente como repórter fotográfico, Malta era membro da Associação Brasileira de Imprensa e cedeu imagens para jornais e revistas. Segundo Ermakoff, ele tinha o apreço dos jornalistas. "Os repórteres faziam ponto em sua sala para saber da agenda do prefeito. Era ele quem os recepcionava."

Em 1936, Augusto Malta se aposentou e deixou o filho Aristóginton como substituto na prefeitura. Em casa, ele continuou a se dedicar à fotografia até poucos anos antes de falecer, em junho de 1957. Amalthea, filha do fotógrafo, conta que ele trabalhou até quase os 90 anos e morreu pobre, apesar de não ter deixado dívidas. Em depoimento gravado para o Museu da Imagem e do Som (MIS-RJ), ela descreve o pai como um homem muito ocupado, mas nem por isso desatento: "No fim do mês, queria saber as notas. E eu fazia esforço para não ser observada". Augusto Malta teve duas esposas e nove filhos - cinco do primeiro casamento e mais quatro do segundo. Seu legado compreende mais de 30 mil negativos - infelizmente, boa parte foi deteriorada pela ação do tempo ou má conservação. Seu acervo está espalhado em várias instituições, como o Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro (que mantém um portal em homenagem a ele na internet), a Biblioteca Nacional e o Instituto Moreira Salles.
Saiba mais
Site

ims.uol.com.br
Parte do acervo de Malta, além de sua biografia, estão disponíveis para consulta no site do Instituto Moreira Salles.
Livro
Augusto Malta e o Rio de Janeiro: 1903-1936, George Ermakoff, G. Ermakoff Casa Editorial, 2005

Com 300 imagens, o livro cruza as histórias de Malta e do Rio.

Bianca Nunes | 20/06/2012 16h56

http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/veja-fotos-augusto-malta-fotografo-retratou-rio-janeiro-belle-epoque-689462.shtml

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O império Ashanti

O Ashanti (ou Asante ) Império (ou confederação ), também Asanteman (1701-1896) na  África Ocidental estado de Ashanti , formados pelo  povo Akan da região de Ashanti , em Gana.

Os Ashanti (ou Asante) são um sub-grupo do Akans , um poderoso povo militaristas e altamente disciplinado da África Ocidental que habitam uma área conhecida como 'Akanland'. Seu poder militar, que veio de estratégia eficaz e uma adaptação rápida das armas de fogo européias , criaram um império que se estendia do centro de Gana a de hoje  até Benin e Costa do Marfim , fazia fronteira ao norte com o Reino Dagomba e o Reino de Daomé para o leste.

 

 

Devido à capacidade militar do império, a hierarquia sofisticado, social, estratificação e da cultura, o império Ashanti foi um dos maiores entidades política da África Subsariana.

Os antigos ashantis migraram das imediações da região noroeste do Rio Níger após a queda do Império de Gana no século XIII. Evidência disto está nas cortes reais dos reis Akans, refletida pela dos reis Ashanti cujas procissões e cerimônias mostram resquícios de antigas ceremônias de Ghana. Etno linguistas têm comprovado a migração pelo uso das palavras e pelo padrão de fala ao longo da África Ocidental.

Por volta do século XIII DC, os ashantis e vários outros povos Akan migraram para o cinturão de floresta da Gana atual e estabeleceram pequenos estados na região montanhosa em volta da Kumasi atual. No auge do Império, os ashantis e o povo Akan em geral se enriqueceram como o comércio de ouro extraído do seu território. No início da história ashanti, este ouro foi negociado com os importantes impérios de Gana e Mali

Hoje, a monarquia Ashanti continua constitucionalmente protegida, um estado sub-nacional tradicional em Gana. O chefe atual é Otumfuo Osei Tutu II Asantehene .

Disputas étnicas no Sudão

SUDÃO: 5 DÉCADAS DE CONFLITOS ARMADOS E DISPUTAS ÉTNICAS

A globalização pode ter aproximado os povos, mas não eliminou as diferenças. O mundo ficou atônito com a iniciativa de um grupo de rebeldes do Sudão que utilizou o velho e desbotado recurso do seqüestro de avião de passageiros para chamar a atenção aos seus conflitos regionais. Mas pelo que estão lutando? Uns dizem que é pela liberdade, contra a opressão e o genocídio. Quem está no poder afirma que apenas está expulsando aqueles que não querem pertencer à Nação, de volta para seus países de origem. Muita gente morreu, muitos mais foram para o exílio. Não é fácil saber quem fala a verdade, mas vamos tentar mostrar esse quadro de forma um pouco mais nítida.

 

Em pleno agosto de 2008 o mundo ficou perplexo com uma atitude tão anacrônica quanto desorganizada. Rebeldes africanos do Sudão seqüestraram um avião de passageiros, tentaram desviar o vôo para o Egito, onde não tiveram pouso e refugiaram-se na Líbia.

Terroristas seqüestram avião e se proclamam rebeldes: líder do MLS nega envolvimento

Depois de liberarem os passageiros, mantiveram a tripulação como refém e se proclamaram membros do Movimento de Libertação do Sudão. O líder do MLS, Abdul Wahid Mohammed Nur, negou peremptoriamente qualquer relação com o ataque terrorista e com os seqüestradores. Mesmo assim, a atitude de seqüestrar uma aeronave civil, repleta de reféns, já não era vista há tanto tempo que chamou atenção, por seu anacronismo e pela absoluta falta de critérios na busca por uma solução pacífica para os conflitos em que os sudaneses se envolvem em seqüência há mais de 50 anos.

Grande, rico, perdulário e faminto Sudão

Ocupando o 147º IDH/ONU, país gasta mais de U$ 2 Milhões/dia em armas

O Sudão ocupa grande parte da bacia do alto Nilo, desde os contrafortes das Terras Altas da África Oriental até o Sahara. Seu território divide-se em duas regiões bem distintas: uma área desértica ao norte e uma área de savanas e florestas tropicais ao sul. Décimo maior país do planeta, que manifesta influências étnicas e culturais dos países vizinhos. Ao Norte, as populações são árabes e muçulmanas. No Sul, predominam africanos negros, alguns cristãos mas, na sua maioria, pagãos que conservam os dialetos tribais.

O Sudão é hoje o maior país da África, e está em guerra civil há 5 décadas. Praticamente todos os grupos étnicos e religiosos com algum poder participaram e contribuíram com esta guerra que dura toda sua história pós-colonial, começando em 1956.

Omar al-Bashir: condenado por Haia será mesmo vilão?

A política continua sendo dominada por desconfiança, interferência externa e animosidades inflamáveis. Há dúzias de grupos armados por todo o país, cada um com sua própria agenda política. O conflito entre o governo muçulmano e guerrilheiros não-muçulmanos, baseados no sul do território, revela as realidades culturais opostas da Nação. Estamos falando de uma república autoritária onde todo o poder está nas mãos do presidente Omar Hasan Ahmad al-Bashir; ele e o seu partido estão no poder desde o golpe militar de 30 de Junho de 1989.

Nos últimos tempos, um inimigo político atrás do outro vem fechando o cerco em volta dele. O resultado foi uma reordenação rápida e radical da nervosa política do Sudão, dirigida em parte pelo orgulho nacionalista, mas também por medos profundamente arraigados de que a nação venha a cair num caos no estilo Somália, se al-Bashir for retirado do comando.

Minawi: o único, entre os rebeldes, a assinar o Tratado de Paz

O presidente do Sudão (antigamente conhecido como Núbia), foi acusado de genocídio pelo promotor do Tribunal Penal Internacional e difamado em todo o mundo como um incorrigível assassino em massa decidido a massacrar seu próprio povo em Darfur. Mas, dentro do Sudão, seu poder parece, por ora, mais óbvio do que nunca.

Não se entendem nem entre eles

Além do MLS de Mohammed Nur, dois grupos rebeldes que se opõem ao governo se uniram, na

Ahmed Diraige, herdeiro de Darfur

tentativa de agregar simpatia internacional através da Frente de Redenção Nacional, liderado pelo ex-governador de Darfur, Ahmed Diraige, mesmo havendo diferenças étnicas e políticas entre eles.

Tentativas da União Africana – um bloco de países africanos – para encerrar o conflito resultaram em um tratado de paz, assinado em 2006. O governo do Sudão patrocinou o tratado, mas apenas uma facção– a do rebelde Minni Minawi – assinou o acordo.

Desde 2003 que a região de Darfur assiste ao extermínio da população negra, por parte da árabe, depois que um grupo rebelde começou a atacar alvos do governo, alegando que a região estava sendo negligenciada pelas autoridades sudanesas em Cartum. A guerra e prolongados períodos de seca já deixaram mais de 2 milhões de mortos. No esforço para "limpar" o oeste do país de "zurgas" - termo que pode ser traduzido como "crioulos"- o governo da Frente Islâmica Nacional já exterminou mais de 400 mil deles e expulsou 2 milhões de "prostitutas" -pelo código muçulmano mulheres que têm relações sexuais fora do matrimônio, mesmo que estupradas, são assim qüalificadas. As milícias racistas simpatizantes do governo de Cartum, conhecidas como Tarzan, adorariam continuar a matar e devastar, no entanto, os povoados negros já foram todos queimados, e todas as mulheres negras já foram estupradas.

Mohammed Nur não reconhece terroristas

Capacidade de renda tão alta quanto desigualdade social

No índice de desenvolvimento humano -IDH, instituído pela ONU para medir desigualdades, o Sudão ocupa 147º lugar no mundo.

Etnia nuba e seus rituais pagãos em desacordo com as leis muçulmanas

Apesar dos 40 milhões de habitantes(que podem ser 60, por falta de estatísticas confiáveis) a densidade demográfica ainda está longe da saturação, com média de 14 hab/km². As taxas de natalidade e de mortalidade são, respectivamente, de 34,53% e 8,97%. A esperança média de vida é de 59 anos.

A economia sudanesa baseia-se na agricultura, sobretudo na exploração de "cash crops" como algodão e óleo de gergelim, em conjunto responsáveis por 40% das receitas de exportação do país. A região sul do país assenta-se sobre considerável bacia de petróleo, com reservas estimadas de 250 milhões de barris e potencial de capacidade de produção diária de 150 mil barris. Desde 1999; a produção crescente de petróleo deu uma nova vida à indústria Sudanesa, fazendo com que o PIB subisse 6,1% em 2003.

O Sudão tem um solo ainda rico em gás natural, ouro, prata, cromo, amianto, manganês, gipsita, mica, zinco, ferro, chumbo, urânio, cobre, cobalto, granito, níquel e alumínio. Embora seja o maior país do continente africano, sua produção agrícola representa apenas 29% do PIB. Os principais produtos de exportação são algodão, combustíveis, óleos e ceras minerais; sementes e grãos; sucos vegetais; peles e a goma arábica.

Relações com o Brasil

O Brasil estabeleceu relações diplomáticas com o Sudão em outubro de 1968. A representação brasileira era feita cumulativamente pela Embaixada no Cairo, enquanto que o Sudão passou a dispor de Embaixada residente em Brasília em 2004, conforme decisão comunicada ao Brasil em novembro do ano anterior. O Embaixador Rahamtalla Mohamed Osman apresentou suas credenciais em abril de 2004. Neste momento o governo brasileiro já dispõe de sede oficial em Cartum.

O comércio entre os dois países ainda é incipiente, mas poderá desenvolver-se igualmente de modo progressivo. Dados preliminares apontam um forte aumento de 2003 para 2004, com as exportações brasileiras passando de sete a quarenta e oito milhões de dólares, enquanto as importações procedentes do Sudão subiram de 31 para 187 mil dólares. A pauta exportadora inclui obras de ferro e aço, caldeiras e aparelhos mecânicos, gorduras e óleos vegetais, fumo e veículos. As importações, bem mais restritas, compreendem peles (mais de 90% em 2004, segundo dados preliminares), gomas e extratos vegetais, bem como sementes e frutos oleaginosos.

por Marco Poli*

Embaixada em Cartum
Hélio Magalhães de Mendonça (Embaixador)
Endereço: Hilton Khartoum, suite 601, P.O. Box 1910 Khartoum - The Republic of Sudan
Telefones
Tel: (249 183)774100
Fax: (249 183) 775793
Cel: (249 9) 13391505

Embaixada do Sudão em Brasília
(República do Sudão) Data Nacional: 1º de janeiro
SE Sr. Rahamtalla Mohamed Osman

http://www.capitalgaucha.com.br/materias/Sudao_1set008.htm

O primeiro genocídio do Secúlo Vinte

Genocídio dos hereros e namaquas

O genocídio dos hereros e namaquas ocorreu no Sudoeste Africano Alemão, onde hoje se localiza a Namíbia, entre 1904 e 1907, durante a partilha de África. É considerado o primeiro genocídio do século XX.

Sudoeste Africano Alemão

Sudoeste Africano Alemão  (atual Namíbia)

A partilha da África pelas potências européias.

 

Revoltas

Em 1903, algumas das tribos Namaquas se revoltaram, sob a liderança de Hendrik Witbooi, e cerca de 60 colonos alemães foram mortos. Uma série de fatores levou os Hererós a se juntarem a eles em janeiro de 1904.

Hererros enfrentando alemães

Hereros enfrentando alemães

Não surpreendentemente, uma das questões principais foi direito à terra. Os Hererós já tinham cedido mais de um quarto dos seus treze milhões de hectares para os colonos alemães em 1903, e isso foi antes da conclusão da linha férrea Otavi a partir da costa Africana para assentamentos alemães no interior.

A conclusão deste linha tinha tornado as colónias alemãs muito mais acessíveis, e inaugurou uma nova onda de colonização europeia na área. A discussão sobre a possibilidade de criar reservas nativas e colocar os Hereros lá foi mais uma prova do "bom senso" dos colonos alemães sobre a propriedade das terras.

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Samuel Maharero

Em 12 de janeiro de 1904, os hereros, sob a liderança de Samuel Maharero, organizaram uma revolta contra o domínio colonial alemão. Em agosto, o general alemão Lothar von Trotha derrotou os hereros na batalha de Waterberg e dirigiu-os para o deserto de Omaheke, onde a maioria deles morreu de sede. Em outubro, os namaquas também pegaram em armas contra os alemães e foram tratados de forma semelhante. No total, entre 24.000 e 65.000 hererós (todos os valores são estimados como sendo 50% a 70% da população Herero total) e 10.000 namaquas (50% da população total namaqua) morreram.

Sobriventes Herrero

Duas características do genocídio foram a morte por inanição e o envenenamento de poços utilizado contra os hererós e populações namaquas que foram presos no deserto da Namíbia

Em 1985, as Nações Unidas reconheceram a tentativa da Alemanha de exterminar os povos hererós e namaquas do Sudoeste da África como uma das primeiras tentativas de genocídio no século XX. O governo alemão pediu desculpas pelos eventos em 2004. (?)

Mulher Herrero

Mulher Herero em seu traje típico foto atual

Fonte Wikipédia.

Genocídio do povo Nuba

O direito de ser NUBA

Relatórios das Nações Unidas e de agências humanitárias denunciam genocídio, tortura,
saques, seqüestros, violações e islamização
forçada do povo nuba no Sudão

história dessa guerra e da nossa resistência está escrita nos joelhos, sobretudo das mulheres." Essas palavras são de Amna Isiah, mulher nuba responsável pela associação Union of Women (União de Mulheres), que, desde 1987, luta pela sobrevivência de sua gente e contra o governo fundamentalista islâmico do Sudão.

"Os joelhos machucados, cheios de marcas e feridas contam como devemos nos arrastar para nos esconder. Quase toda noite, saímos para levar comida e água aos nossos soldados. É nossa tarefa também transmitir informações a respeito dos ataques: quantas bombas, quantos mortos, quantos sacos de milho queimados, quantos bois roubados ..."

O povo nuba é constituído por cerca de 2 milhões de pessoas, divididas em 52 grupos com línguas diferentes. Um milhão deles vive nos Montes Nuba, um território pouco menor que o Estado de Santa Catarina, situado no centro-oeste do Sudão. Os outros Nuba vivem no exterior ou no norte do país, particularmente na periferia de Cartum, a capital.


Milhares de refugiados esconderam-se durante dois anos, nas montanhas, a fim de escapar da guerra. Só desceram para receber ajuda das Nações Unidas

Maior país da África, como nação independente o Sudão é um típico produto da época colonial. Os árabes do norte foram colocados junto com os negros africanos do sul para formar uma só nação.

O poder político e militar concentra-se no norte e, desde o começo dos anos 80, os povos do sul, em sua maioria cristãos ou pertencentes a religiões tradicionais, conduzem uma guerra regular contra os árabes muçulmanos do norte.

Luta armada - Os Nuba são considerados "pagãos" pelos muçulmanos da capital. Por isso, são perseguidos pelo Exército na tentativa de submetê-los à sharia, a lei islâmica. A resistência contra essa opressão concretizou-se em luta armada desde 1987, ano em que passaram a fazer parte do Exército de Libertação do Povo Sudanês (SPLA), que reúne grupos do sul.

A guerra, a seca e os saques no Sudão já causaram a morte de 2 milhões de pessoas. Este é o tamanho de uma tragédia esquecida e pouco noticiada. No começo da guerra civil, o regime de Cartum destruiu totalmente aldeias nuba, saqueou celeiros e dizimou o gado, capturou e executou lideranças comunitárias, professores, agentes de saúde. O objetivo? Provocar medo e insegurança na população, de modo a induzi-la a refugiar-se nos "campos de paz" instituídos pelo governo, que chegam a ser verdadeiros campos de concentração, de espoliação e de extinção da identidade nuba.


Para os Nuba, esta "guerra santa" é incompreensível, visto que entre eles existen muitos cristãos e muçulmanos

Em 1996 a agência African Rights documentou, com uma grande quantidade de provas, a determinação do governo sudanês em exterminar o povo nuba.

No ano seguinte, outro documento apresentado pela Comissão dos Direitos Humanos da ONU, denunciava gravíssimas violações aos direitos humanos: bombardeios aéreos sobre civis indefesos, episódios sistemáticos de redução à escravidão, matança indiscriminada de refugiados, seqüestro de civis e agentes humanitários, campos semeados de minas etc. A lista das violações é extensa.

Em primeiro lugar, nos sentimos parte integrante do povo nuba.
Só depois é que nos sentimos cristãos, muçulmanos ou animistas.

Desde que, há dois anos, começou a extração de petróleo no sul do Sudão, a guerra tornou-se ainda mais brutal por causa dos interesses econômicos envolvidos nesta cobiçada operação. O governo sudanês comprou, provavelmente do Irã, mísseis balísticos de curta distância, que estão sendo usados contra a população.

Para os Nuba, essa jihad (guerra santa) promovida pelo governo de Cartum é algo incompreensível, visto que entre eles existem muitos cristãos e muçulmanos. A pluralidade cultural e religiosa sempre caracterizou esse povo, como também a agilidade com que as pessoas transitam entre as várias culturas. É curioso notar que eles celebram juntos o Natal cristão e o fim do Ramada (festa muçulmana por excelência). "Em primeiro lugar, nos sentimos parte integrante do povo nuba. Só depois é que nos sentimos cristãos, muçulmanos ou animistas", explica Mahmoud Jumula, chefe islâmico da região de Tira.


Soldados do SPLA protegem uma carga de sementes trazidas por uma ONG, porque a população faminta tenta roubá-la para comer

A esse propósito Peter Zakaria Kodi, pastor da Sudan Church of Christ em Kujur, acrescenta: "A religião não é, essencialmentem, uma questão de relações entre pessoas? Os Nuba estavam aqui bem antes da chegada das religiões".

Entre os Nuba, a Igreja católica está em franco crescimento, sobretudo pelo engajamento e pela missão dos catequistas leigos. Por causa da guerra, durante muitos anos as comunidades não puderam contar com a presença de um sacerdote ou de missionário.

Além disso, existem muitos líderes muçulmanos que, apesar das provocações de Cartum, teimam em estreitar laços de amizade com os cristãos. Eles sofreram represálias por suas posições, tendo suas mesquitas queimadas. Os militantes da jihad picharam os muros com a frase: "Se vocês quiserem ser verdadeiros muçulmanos, deixem esse lugar e vão viver nas áreas controladas pelo governo". Mas os muçulmanos solidários com os cristãos rebatem:
"A religião pertence a Deus, não aos homens".

Fonte: http://www.pime.org.br/mundoemissao/direitoshnuba.htm

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O corpo de Nefertiti

Nefertiti é solicitada formalmente

O busto da Rainha Nefertiti retirada do Egito de formas duvidosa, em 2003 é perfurado para para uma exposição do Little Warsaw, cujo projeto era composto por uma escultura feminina nua feita de bronze, a qual, no local de seu pescoço existia um vão que serviu para encaixar a cabeça de calcário da rainha.
Em (24/01/2011) o Ministério da Cultura do Egito fez um pedido formal de repatriação do busto da rainha Nefertiti ao Museu Neues (Alemanha).
Depois de negociações que vem se arrastando há décadas o Ministério da Cultura do Egito resolveu fazer uma solicitação formal de devolução do busto da rainha Nefertiti, que saiu do país sob circunstâncias de teor duvidoso durante a triagem de artefatos realizados pelos egípcios e o arqueólogo alemão Ludwig Borchardt em 1912.

Rainha Nefertiti. Foto: M. Busing.
A solicitação foi transmitida através de uma carta destinada ao presidente da Fundação do Patrimônio Cultural Prussiano, em Berlim, e o Ministério das Relações Exteriores do Egito para que o envie a embaixada egípcia na Alemanha e o da Alemanha no Cairo.
O busto de Nefertiti é uma das muitas peças requeridas pelo o Egito, mas está no topo da lista pela a luta do repatriamento por que, além de ser um ícone e única, a batalha para a sua devolução se arrasta desde meados do século passado.
Entenda o que aconteceu em 1912
Na época de Ludwig Borchardt os arqueólogos estrangeiros poderiam retirar artefatos encontrados em sua escavação e levá-los para fora do Egito, mas isto somente depois de que os achados passassem por uma avaliação onde os artefatos “mais bonitos” ficariam na África e os menos atraentes sairia do país.
Sabe-se que durante a triagem Borchardt teria já dividido os artefatos em dois grupos onde o lado egípcio estaria com artefatos montados já em uma base, o que chamou a atenção do fiscal que não teria prosseguido com a inspeção acreditando que Borchardt já teria feito todo o trabalho para ele e não examinou o lado que iria para a Alemanha. Logo, o busto saiu do Egito “legalmente”, embora, quando chegou a Alemanha tenha permanecido escondido e ser revelado somente anos depois. 
Até o próprio Hitler se recusou a devolver o busto
Durante o curso da Segunda Guerra acordos diplomáticos para se devolver o busto para o seu país de origem foram realizados, mas Hitler se recusou permanentemente a devolver o artefato. E desde que a Alemanha foi tomada ao final dos conflitos o busto mudou de endereço várias vezes.
Uma atitude que enfureceu os egípcios
Não bastasse a negação em se devolver o busto, em 2003, o Museu de Berlim permitiu que a base do artefato fosse furada para dar entrada a um parafuso para uma exposição do Little Warsaw, cujo projeto era composto por uma escultura feminina nua feita de bronze, a qual, no local de seu pescoço existia um vão que serviu para encaixar a cabeça de calcário da rainha.

Nefertiti / The Body of Nefertiti - 2003. Retirado de Acax.hu -Little Warsaw. Acesso em 24 de janeiro de 2011

Para poder encaixar com a estátua de bronze o busto precisou ser perfurado. Retirado de Little Warsaw. Acesso em 24 de janeiro de 2011

Nefertiti na obra do Little Warsaw. A imagem causou indignação em várias pessoas. Retirado de "The Body of Nefertiti". Acesso em 24 de janeiro de 2011
O governo egípcio diz que não foram consultados sobre este projeto e questionaram fortemente a capacidade do museu de Berlim para cuidar da coleção de artefatos egípcios e consideraram a atitude ofensiva para a imagem da rainha egípcia, além de perigosa, como comentou o embaixador do Egito em Berlim, Mohamed al-Orabi: ”Nós não aceitamos que essa importante estátua da rainha Nefertiti tenha sido posta em risco por esse projeto idiota”[1].
Quais as desculpas para não se repatriar?
Dentre várias justificativas estas foram algumas utilizadas não só pela a Alemanha, mas outros países europeus para não se devolver o busto:
- Países de terceiro mundo não têm capacidade financeira de manter um artefato tão valioso;
- Os egípcios atuais não têm nenhuma ligação com os egípcios da antiguidade, logo, a questão da “herança” ou “patrimônio” não é válida;
- O busto saiu do Egito legalmente;
- O artefato seria danificado durante o transporte;
- Usando o exemplo dos Budas destruídos no Afeganistão os países árabes de governo extremista podem destruir os seus próprios artefatos – mas não podemos esquecer que o busto de Nefertiti quase foi destruído em um bombardeio durante a 2ª Guerra Mundial -. 
Por que repatriar?
- As circunstancias as quais o artefato saiu do Egito sugere que o seu descobridor agiu de má fé com as autoridades egípcias ao esconder o busto da rainha por trás de vários objetos visivelmente menos atraentes do que o do lado egípcio;
- O Egito possui capacidade e tecnologia para guardar o busto no país;
- Embora o patrimônio egípcio seja herança do mundo, sua verdadeira casa é o seu país de origem.
Veja também:
◘ Documentário Nefertiti’s Odyssey (No Brasil “Nefertiti”)
Produzido em 2008 pela National Geographic, conta sobre a história de Ludwig Borchardt e como retirou fortuitamente do artefato do Egito, além de explanar sobre as documentações existentes relacionadas ao caso e o diário de Ludwig Borchardt, onde ele demonstra saber do valor incalculável do busto da rainha para os egípcios e o seu desejo de levá-lo para a Alemanha.  


A Alemanha lança seu primeiro comentário sobre o assunto:  Alemanha nega pedido egípcio


Por Márcia Jamille Costa

Fonte da notícia:
Egipto reclama el regreso de Nefertiti  – Público.es. Disponível em <http://www.publico.es/culturas/357837/egipto-reclama-el-regreso-de-nefertiti> Acesso em 24 de Janeiro de 2011.
Fontes consultadas:
[1] Nefertiti’s Bust Gets a Body, Offending Egyptians Disponível em <http://query.nytimes.com/gst/fullpage.html?res=9905EEDF163BF932A15755C0A9659C8B63> Acesso em 24 de Janeiro de 2011.
Fonte das imagens:

Nefertiti na obra do Little Warsaw. A imagem causou indignação em várias pessoas. Retirado de The Body of Nefertiti. Disponível em <http://www.theintellectualdevotional.com/blog/category/visual-arts/page/4/> acesso em 24 de janeiro de 2011
Nefertiti e Little Warsaw. Retirado de Acax.hu -Little Warsaw. Disponível em <http://www.acax.hu/index.php?pageid=221&language=en > acesso em 24 de janeiro de 2011
Para poder encaixar com a estátua de bronze o busto precisou ser perfurado. Retirado de Little Warsaw. Disponível em <http://www.littlewarsaw.com/displaced_history/img/united_nefertiti.jpg > acesso em 24 de janeiro de 2011
http://arqueologiaegipcia.com.br/2011/01/24/nefertiti-e-solicitada-formalmente/










































quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Cartas de Domigos Jorge Velho

 

Bandeirante conta como destruiu Palmares ( 1694)


Serra da Barriga Vista 6 2

1694

Destruição de Palmares


Durante quase cem anos, o quilombo dos Palmares, na serra da Barriga, hoje estado de Alagoas, resistiu às expedições militares enviadas pelos senhores de engenho e autoridades brancas, fossem elas portuguesas ou holandesas. Inicialmente, o quilombo não passava de uma pequena aldeia, com apenas algumas dezenas de escravos fugidos das plantações de açúcar da região. Mas cresceu a tal ponto que, em 1670, contava com 50 mil habitantes, em dezenas de vilas fortificadas, espalhadas por vasta área. Temendo que o exemplo de Palmares terminasse inviabilizando o regime de trabalho escravo, o governo português determinou sua liquidação a qualquer custo. O bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi contratado para levar a cabo a missão, recebendo carta branca das autoridades. Palmares deixou de existir em fevereiro de 1694, com o massacre de seus defensores, mas o chefe dos quilombolas, Zumbi escapou ao cerco e ainda resistiu nas matas por mais um ano, até ser morto. As cartas abaixo, de Domingos Jorge Velho, informam às autoridades sobre o cerco e a destruição de Palmares.

Primeira carta


“ ... Certifico que assistindo neste sertão do Palmar, fazendo guerra aos negros levantados que nele habitam, vendo-os fortificados com uma cerca tão grande e com inumerável poder deles juntos dentro dela, me foi forçoso pedir ao senhor governador e capitão general Caetano de Melo e Castro me socorresse com gente para poder de uma vez acabar com os ditos negros, e o fez o dito senhor tão prontamente que com todo o segredo e brevidade chegou o dito socorro de gente paga e ordenanças em 15 de janeiro e a 16 marchei a pôr em sítio o dito negro que constava a sua cerca de uma légua em roda, e me pus em um plaino sobre a dita serra, e na fronteira de outro plaino mandei a situar o capitão-mor Bernardo Vieira de Melo por ser a parte de mais risco. (...) e por indústria sua fabricou uma cerca com os escravos e soldados em roda da dos ditos negros que constava de duzentos e setenta braças de pau-a-pique a cuja imitação foram os mais cabos fazendo o mesmo nas suas testadas que defendiam sendo por esta sua indústria lograda a melhor segurança do dito sítio, sendo em 23 do dito mês que fiz a primeira avançada ao dito negro que não pude romper nem chegar à dita cerca pelos inumeráveis fossos e estrepes que tinham (...).

Outeiro do Barriga em 30 de janeiro de 694

Domingos Jorge Velho

Segunda carta

“Certifico que assistindo neste sítio e cerco em que pus aos negros levantados do Palmar depois de estarem em sítio vinte e dois dias no último em que se contavam os ditos vendo-se o dito negro oprimido do dito cerco se resolveu a romper com todo o risco albaroando por duas partes a em que estava o capitão-mor Bernardo Viera de Melo que os rechaçou por estilo que os fez obrigar a despenharem-se por um rochedo, tão inopinável que os mais deles pereceram e se espedaçaram pelo dito rochedo, obrigados das cargas com que os veio sacudindo o dito capitão-mor com sua gente, sendo em duas horas depois da meia-noite, que logo a essa começaram os seus a matar e aprisionar os ditos negros, que ainda lhe feriram três homens com as cargas que lhe deram, dois de balas e um de flecha; e o dito capitão-mor em todo esse dia, desde as ditas duas horas depois da meia-noite, lidou com todos os seus no alcance do dito inimigo, aprisionando e matando muitos, e veio pessoalmente a buscar-me para que desse pessoalmente calor no alcance do dito inimigo o que fiz e em minha companhia andou com tal desvelo e cuidado que não havia cousa que não soubesse advertir e prontamente acudir e se recolheu ao seu posto ao pôr-do-sol com cinqüenta e oito pessoas que me mandou entregar sendo muitos os mortos que os seus pelas brenhas mataram, e no tal dia ainda se lhe estreparam dois homens no alcance do dito inimigo em cujo alcance se mataram mais de duzentos negros e se aprisionaram perto de quatrocentos (...).

Outeiro do Barriga em 8 de fevereiro de 694.

Domingos Jorge Velho”

Terceira carta

“Certifico que depois do sítio em que pus os negros do Palmar na última desesperação, da qual se urgiu a sua total destruição, em a qual se houve o capitão-mor Bernardo Viera de Melo com todo o valor, zelo e boa disposição, no seguinte dia, que foi em o de 7 de fevereiro lançou a primeira tropa em que mandou toda a sua gente que achou capaz de seguirem o alcance de alguns negros que pudessem ter escapado por entre os matos e andaram dois dias correndo a campanha por muitas brenhas e serras, e degolaram aos que puderam pelas tais brenhas descobrir, e trouxeram duas negras prisioneiras, que por mulheres lhes perdoaram a vida (...).

Outeiro do Barriga 9 de fevereiro 1694.

Domingos Jorge Velho.”

Franklin Martins
http://www.franklinmartins.com.br/estacao_historia_artigo.php?titulo=bandeirante-conta-como-destruiu-palmares-1694

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Governo de Angola responsabiliza Igreja Universal

Executivo responsabiliza e suspende actividade da Igreja Universal

O Executivo anunciou hoje, sábado (2 de Fevereiro de 2013), que responsabiliza a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) pelo incidente ocorrido a 31 de Dezembro passado, no estádio da Cidadela Desportiva, que provocou a perda de vidas humanas e decidiu suspender a actividade da organização religiosa por 60 dias.
Segundo uma nota dos Órgãos Auxiliares do Presidente da República, “perante a gravidade dos factos de que resultaram lamentavelmente a perda de vidas humanas o Executivo decidiu que a matéria dos autos seja remetida à Procuradoria-Geral da República para o aprofundamento das investigações e a consequente responsabilização civil e criminal.
Os Órgãos Auxiliares do Presidente da República informam que a Comissão de Inquérito criada para apurar as causas que deram origem ao incidente ocorrido no Estádio da Cidadela Desportiva constatou que o incidente deveu-se à superlotação no interior e exterior do Estádio da Cidadela, causada pela publicidade enganosa, consubstanciada no slogan: “O Dia do Fim –venha dar um fim a todos os problemas que estão na sua vida; doença, miséria, desemprego, feitiçaria, inveja, problemas na família, separação, dívidas, etc. Traga toda a sua família”.
Adianta que esta publicidade enganosa criou no seio dos fiéis e não só uma enorme expectativa de verem resolvidos os seus problemas, tendo por isso atraído para o local do evento um elevado número de pessoas, entre velhos, crianças e doentes.
Diz ainda que a publicidade utilizada para a mobilização dos fiéis foi criminosa e enganosa pois, tal como estabelecem os artigos 14 e 16 da Lei nº 9/02 –Lei Geral da Publicidade, a mesma continha informações falsas, susceptíveis de alarmar o espírito do público e induzi-lo em erro.
Apurou ainda que em consequência da adesão maciça verificaram-se vários constrangimentos tais como a superlotação do recinto antes da hora marcada para o início da vigília, estacionamento desordenado no interior, exterior e áreas circundantes ao Complexo Desportivo da Cidadela, tendo suplantado a previsão dos organizadores do evento e dificultado a adequação devida das forças de asseguramento, designadamente a Polícia Nacional, Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros, Instituto Nacional de Emergências Médicas, Cruz Vermelha e outras.
Constatou também que apesar de ter recebido indicações da Direcção do Complexo da Cidadela que o estádio comportava apenas 30.000 pessoas, ainda assim, a Igreja Universal do Reino de Deus perspectivou acolher no referido evento um total de 152.600 (Cento e Cinquenta e Dois Mil e Seiscentos fiéis), sendo 35.000 (Trinta e cinco mil) pessoas nas bancadas do 1º anel, 30.000 (trinta mil) por traz da baliza norte, 30.000 (trinta mil) por traz da baliza sul e 57.600 (Cinquenta e Sete Mil e Seiscentas) pessoas na parte exterior, frontal à tribuna, sem contudo comunicar às autoridades a sua previsão de 152 mil e 600 pessoas.
O inquérito apurou que a projecção feita pela Igreja quanto ao número de pessoas para aquele recinto não foi realista e pecou por excesso.
Constatou-se também que de acordo com o cartaz publicitário sobre a vigília da IURD, o evento teria início às 20H00. Porém por volta das 18H00, os espaços reservados para os fiéis no interior do Estádio estavam completamente lotados, tendo a organização ordenado o encerramento de todos os portões, à excepção do portão VIP e do portão nº 6, onde uma parte considerável da população afluiu provocando deste modo uma enorme pressão sobre a entrada.
Verificou que as 100 pessoas voluntárias mobilizadas pela IURD não tinham preparação para realizar de forma efectiva a assistência médica, pois tinham apenas a incumbência de apoiar, em caso de necessidade, o pessoal do INEMA.
Segundo a sindicância mandada instaurar pelo Presidente da República notou-se que para permitir a entrada dos populares de forma ordeira, isto é, em fila, a organização abriu parcialmente o portão nº 6 e que, por volta das 18H30, começaram a ouvir-se cânticos e aclamações no interior, que geraram na população a presunção de se ter iniciado o evento, pelo que entendeu forçar a entrada.
“Devido a pressão exercida sobre o referido portão os membros da segurança da Igreja que se encontravam do lado interior não resistiram ao fluxo imediato, verificando-se a queda dos fiéis em cadeia, agravada pelo declive do túnel de acesso, pela falta de iluminação e pelo pavimento escorregadio em virtude do derramamento da designada “água consagrada” que estava a ser distribuída aos crentes”, lê na nota.
Apurou ainda que mesmo na sequência das mortes e desmaios de pessoas, a Igreja não interrompeu a actividade.
Provou-se que os desmaios em cadeia durante o culto ficaram a dever-se em grande medida ao agravamento do quadro clínico de pessoas já doentes que foram em busca de uma suposta cura “milagrosa”, incluindo asfixia, fome agravada pelo jejum, dado que muitas das vítimas recuperaram tão logo lhes foi dada uma leve refeição quer no local pelo INEMA quer no hospital Américo Boavida.
A Nota dos Órgãos de Auxiliares do Presidente da República orienta que em virtude de se constatar que as Igrejas Mundial do Poder de Deus, Mundial do Reino de Deus, Mundial Internacional, Mundial da Promessa de Deus, Mundial Renovada e Igreja Evangélica Pentecostal Nova Jerusalém apesar de não estarem reconhecidas pelo Estado angolano realizam cultos religiosos e publicidade, recorrendo as mesmas práticas que as da IURD, sejam igualmente interditadas de realizar quaisquer actividade religiosas no país.
Adianta que a suspensão e a interdição referidas nos pontos 2 e 3 sejam fiscalizadas pelos Ministérios do Interior, da Justiça e dos Direitos Humanos, da Cultura, da Administração do Território e da Comunicação Social e pelos Governos provinciais, devendo vigorar enquanto durarem as investigações pela Procuradoria Geral da República.
Estabelece que doravante a realização de cultos religiosos em recintos fechados, tais como estádios e pavilhões gimno-desportivos, seja condicionada a prévia criação de condições de segurança, assistência e primeiros socorros.
Determina que de futuro, para actividades similares, se exija no plano legal a realização de reuniões de concertação entre todas as forças e serviços intervenientes no asseguramento e a autoridade administrativa que as autoriza.
Os departamentos ministeriais competentes são orientados no sentido de procederem à revisão da legislação existente, nomeadamente da Lei nº 2/04 de 21 de Maio sobre a Liberdade de Consciência, de Culto e de Religião, da Lei nº 16/91 de 11 de Maio sobre o Direito de Reunião e de Manifestação, da Lei nº 9/02 sobre a Publicidade, do Decreto Presidencial nº111/11 de 31 de Maio sobre Actividades de Espectáculos e Divertimentos Públicos, bem como a criar outras normas que regulem a realização de actos religiosos fora dos templos e de outros actos de massas.
O Executivo angolano, face ao exposto, apela aos fiéis das igrejas visadas e a toda a população em geral no sentido de se manterem serenos e cumprirem cabalmente as decisões tomadas.
http://www.opais.net/pt/opais/?det=31079&id=1657&mid=



















sábado, 2 de fevereiro de 2013

A Legião Negra participação na Revolução de 32

NEGROS NA REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 32: A LEGIÃO NEGRA

Negros na Revolução Constitucionalista de 32. Uma história a ser lembrada

TAGs: A Legião Negra – A Luta dos Afro-Brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932, Milton Gonçalves, Oswaldo Faustino, Revolução Constitucionalista de 32, Tião Mão Grande

Tenho dedicado nessa coluna a expor aqui algumas produções culturais da periferia o que engloba os que não tinham voz e que agora produzem o que há de mais interessante. São criativos e revelam uma faceta que a grande historia a dos vencedores, não contempla. Quero destacar aqui a Legião Negra – A Luta dos Afro-Brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932. A participação voluntária de um grande número de afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932, contra o regime de Getulio Vargas. Assim como alguns filmes que trataram da participação dos negros na Guerra de Secessão nos Estado Unidos, do esquadrão de aviadores negros americanos que lutaram na Segunda Guerra Mundial e dos soldados africanos das colônias francesas que também lutaram contra o eixo, os nossos negros não foram indiferentes. Penso que o que move essa participação, seja lá qual for o lugar no mundo, existe um sentimento de pertencimento, de pertencer a algum lugar. Fazer parte de uma sociedade mesmo que o segregue. Estava mais motivado que os outros soldados. Estavam imbuídos de lutar por uma liberdade que buscavam. A guerra impõe ao homem ultrapassar os seus limites para sobreviver e precisa do outro para se manter vivo seja o outro branco ou preto. São essas historias que precisam ser contadas.

Entre julho e outubro de 1932, milhares de paulistas lutaram contra a ditadura de Getulio Vargas, instituída dois anos antes. Entre os objetivos dos revoltosos estavam a promulgação de uma nova Constituição e a deposição de Vargas. Muito já se contou sobre esse episódio, mas em A Legião Negra – A Luta dos Afro-Brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932 (Selo Negro Edições, 224 p., R$ 50,90), do jornalista Oswaldo Faustino, um ângulo quase inédito do episódio é apresentado: a brava atuação de uma legião formada, a princípio, por três batalhões voluntários compostos exclusivamente de afro-descendentes.

A idéia para o livro surgiu quando o ator Milton Gonçalves contou a Faustino que gostaria de fazer um filme sobre a Legião Negra e pediu ao escritor que pesquisasse o assunto. Recorrendo a documentos e publicações de época, obras acadêmicas e entrevistas com familiares dos combatentes, Faustino entrou em contato com a história de personagens reais que, no romance, interagem com os concebidos pelo autor. A pesquisa permitiu-lhe também reconstruir o contexto social, cultural e econômico da São Paulo da década de 1930 – ora em situações conflituosas, ora em aparente harmonia, se inter-relacionavam paulistas quatrocentões, negros, mestiços, imigrantes europeus e migrantes oriundos principalmente de Estados do Nordeste. Cada qual com seus costumes e em espaços determinados, é verdade. Aos negros e pardos restavam apenas os cortiços, porões e subúrbios, as rodas de tiririca, o jogo ilegal e os biscates.

O livro começa apresentando ao leitor o centenário Tião Mão Grande, que nos dias de hoje relembra sua participação, como voluntário, na Revolução de 1932. Sua memória recupera episódios e personagens que mudaram sua vida e a dos paulistas para sempre: alguns reais, como Maria Soldado, empregada doméstica que decidiu engrossar as fileiras revolucionárias; o advogado Joaquim Guaraná Santana e o grande orador Vicente Ferreira; outros fictícios, mas inspirados em arquétipos históricos, como Teodomiro Patrocínio, protegido de uma rica família que de início renega a ascendência africana e a negritude, mas depois se torna um grande líder militar da Legião Negra; Luvercy, jovem negro alistado contra a vontade pelo próprio pai, também combatente de ideais patrióticos; John, um jamaicano foragido dos Estados Unidos, que também participava das lutas antirracistas e convivia com pensadores naquele país, como seu conterrâneo Marcus Garvey.

A cada capítulo, Faustino recria os valores de uma época pautada pelo patriotismo, mas também por um intenso preconceito racial. Um dos méritos do livro é mostrar que, apesar de alijados de direitos e com chances mínimas de ascensão social, milhares de negros aderiram a uma causa estranha à sua realidade – causa que, embora justa, traria ínfimas mudanças à sua situação de excluídos.

“Poucos brasileiros sabem que esses bravos batalhões existiram. Infelizmente, o protagonismo negro continua fora da história oficial”, afirma Faustino. Por conta disso, um dos objetivos do autor foi criar uma obra acessível à juventude brasileira. De acordo com o escritor e compositor Nei Lopes, que assina o prefácio da obra, “A Legião Negra rompe com paradigmas, enganos e preconceitos, ajudando a reconstruir a história dos afro-descendentes com seriedade e dignidade”.

http://avisoemdois.com.br/divirta-se/negros-na-revolucao-constitucionalista-de-32-uma-historia-a-ser-lembrada/

Legião Negra

Oficiais da Legião Negra e acima 13 índios acantonados na Legião Negra

Logo que eclodiu o movimento militar contra Getúlio em São Paulo, organizou-se um corpo combatente de voluntários de cor (na época isso queria dizer preto e pardo). Este batalhão tomou o nome de Legião Negra.

Soldados e Oficiais da Legião Negra

Legião Negra de Soldados e Enfermeiras

Batalhão Negro nos campos da Revolução de 1932

Piracicabanos combatentes na Legião Negra: da esquerda para a direita - Domingos de Campos; Francisco Sampaio; Ormindo de Camargo e Oscalino da Costa.

Fonte:http://voluntariosdepiracicaba.blogspot.com.br/2011/11/negros-na-revolucao-constitucionalista.html