terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sim, ZULMIRA CARDOSO somos tod@s nós,

Sim, ZULMIRA CARDOSO somos tod@s nós, que sonhamos com o fim da violência e da impunidade.
Mas vou homenagear ZULMIRA CARDOSO com um poema de ZULMIRA RIBEIRO TAVARES (sp, 27.07.1930)...

ABAIXO DA LINHA DE POBREZA

Ora vejo a linha de pobreza no contorno irregular
dos prédios, altos, baixos, ou das pequenas casas de
autoconstrução na encosta dos morros.
A linha que mais me atinge é a reta, que vai de
um ponto a outro sem desvio. Sei que nela há
números. Quais, não sei. Ainda que não tenha cor,
peso, e tangencie o invisível, é forte. Li a propósito.
Considero a linha do horizonte a que mais se
aproxima do que imagino ser a linha de pobreza.
Da cidade, ver o horizonte é difícil, ou se apresenta
com defeito. Rememoro-o distante, no fim do mar.
Deve ser de lá que a retiram, a linha de pobreza,
com régua e compasso: para raciocínio e ação.
Pois impossível que não exista primeiro na paisagem,
material, resistente. Tem de existir, como certas
fibras arrancadas à natureza para com elas se fazer
feixes, relhos, assim como servem de enfeite as
penas de belas aves.
Verdade que ao longo da vida passaram-me diante
dos olhos gráficos estampados em folhas de
jornal. Alguns diziam respeito à linha de pobreza.
Neles, seu traçado não remetia ao limite que se
tem do mar, longe, e por vezes mesmo delineou
o contorno de ondas crespas e próximas ou, além,
de escarpas, promontórios. Puras formas da
física terrestre, impetuosas, dramáticas, tocando
o interior dos homens de modo diverso ao da
linha do horizonte - que os acalenta com o sono,
a tranqüilidade ou a morte.
Abaixo da linha de pobreza não me chegam idéias.

Ana Liési Thurler “Parece que não são muitas as "Zulmiras". Mas são marcantes, fortes, maravilhosas, quase sempre heróínas anônimas, mil vezes "desdobráveis" - como dizia nossa Clarice Lispector -, capazes de segurar ondas de que até Deus duvida... Poderosas e doces. "Minha" Zulmira e eu fomos um caso de amor lindo, pq profundamente correspondido. E o milagre no amor é a reciprocidade. Morávamos longe, mas ela sempre me esperava com uma ambrosia realmente celestial, d@s deus@s. E a derradeira vez que fui até ela, surpreendendo-a, ela lamentou: "Minha filha, como vc veio assim? Eu nem tive tempo de fazer a ambrosia". Se passaram 23 anos, mas ainda hoje, o perfume e a visão de uma ambrosia dourada aceleram meu coração. Abraço carinhoso para vcs do Zulmira somos nós.”

Texto CONTRIBUIÇÃO DE ANA LIÉSIA THURLER

Nenhum comentário:

Postar um comentário